O novo presidente do Congresso do Peru que assumirá o cargo de presidente do país, Francisco Sagasti, disse nesta segunda-feira (16/11) que irá trabalhar para que o Legislativo seja reconhecido como representante do povo peruano.
“Vamos trabalhar da melhor maneira possível durante os próximos meses para fazer com que este Congresso seja reconhecido como um que represente o povo peruano”, disse.
As declarações foram feitas por Sagasti durante o juramento de posse como chefe do Congresso, cargo para o qual foi eleito nesta segunda-feira.
A eleição de Sagasti vêm em meio a uma crise política desencadeada no Peru desde a última terça-feira (10/11), quando o Congresso aprovou o impeachment do ex-presidente Martín Vizcarra.
Manuel Merino, então chefe do Legislativo, assumiu interinamente o cargo de presidente, mas renunciou neste domingo (15/11) após seis noites consecutivas de protestos que denunciavam um “golpe de Estado” e classificavam seu governo como “ilegítimo”.
Após a renúncia, o Congresso elegeu uma nova Mesa Diretora liderada por Francisco Sagasti, que se tornou o próximo na linha de sucessão da presidência. O parlamentar deve ser empossado como presidente do Peru nesta terça-feira (17/11).
“Colocaremos todo nosso talento e nosso esforço a serviço de todos vocês para que o Congresso possa funcionar de uma maneira que o país se sinta reconhecido”, disse.
Sagasti ainda citou os protestos que tomaram conta do país nos últimos dias e lamentou a morte de dois jovens em uma manifestação no sábado (14/11) após violenta repressão policial.
“Hoje não é um dia de celebração porque vimos a morte de dois jovens em protestos que expressavam seus pontos de vista”, afirmou.
Segundo o novo presidente, a tarefa do governo interino é de “aperfeiçoar a legalidade para que os protestos pacífico possam ocorrer e, ao mesmo tempo, prevenir possíveis atos de violência”.
Já do lado de fora do Congresso, Sagasti falou com jornalistas e disse que o momento serve para refletir “onde foi que perdemos o rumo”. “Não é um momento de celebração, temos vários problemas e dificuldades. É um momento de reflexão, para nos perguntarmos onde foi que perdemos o rumo e avançar decididamente a um futuro melhor para todos”, afirmou.
O novo chefe do Legislativo ainda deixou os limites do Congresso para cumprimentar milhares de cidadãos que se concentram em frente ao prédio desde o domingo quando Merino renunciou.
Congreso Perú
De centro-direita, Sagasti assumirá a presidência do Peru e governará de forma interina até julho de 2021
Assumirá a presidência
De centro-direita, Sagasti deve ser empossado nesta terça-feira (17/11) como presidente do Peru e governará de forma interina até o final previsto para o mandato de Vizcarra, em 28 de julho de 2021. Mirtha Vásquez, que é a segunda candidata na lista vencedora, será a nova chefe do Congresso, e Luis Roel, o vice-presidente do Legislativo.
Eleito deputado federal em março deste ano por Lima, capital do país, Francisco Sagasti tem 76 anos e é formado em Engenharia Industrial. Já ocupou outros cargos administrativos, como chefe da Divisão de Planejamento Estratégico do Banco Mundial.
Na votação que definiu o futuro de Vizcarra, o novo presidente, assim como integrantes de seu partido, votaram contra a moção que destituiu o ex-mandatário por “incapacidade moral”. Uma nova Mesa Diretora formada por parlamentares que foram contra o impeachment foi uma das demandas dos milhares de manifestantes que saíram às ruas neste domingo para celebrar a renúncia de Merino.
Crise política
Na última terça, o Congresso peruano votou pelo impeachment de Martín Vizacarra alegando que o mandatário não poderia mais exercer suas funções por “incapacidade moral”. A acusação foi baseada em processos judiciais que o ex-presidente enfrenta por supostos subornos que recebeu durante seu mandato de governador de Moquegua.
Vizcarra assumiu a presidência do peru em 2018, após a destituição de Pedro Pablo Kuczynski, de quem era vice. Pela linha sucessória, a presidência foi assumida pelo então chefe do Congresso, Manuel Merino, empossado na última quarta-feira (11/11).
Porém, na noite de terça, milhares de peruanos foram às ruas para protestar contra a decisão do Congresso e a posse de Merino.
Os protestos duraram seis noites consecutivas e foram violentamente reprimidos pela polícia peruana. A tensão atingiu seu ápice quando dois jovens foram mortos durante as manifestações da noite do último sábado (14/11).
No domingo, Merino renunciou e abriu vacância da presidência pela segunda vez na mesma semana. Hora depois de sua renúncia, a Mesa Diretora do Congresso também se demitiu, obrigando o Legislativo a definir um novo comando e, por consequência, o novo presidente do país.
A votação foi iniciada ainda na noite de domingo, mas o novo mandatário só foi escolhido na tarde desta segunda-feira.