O descarrilamento de um trem, ontem à noite, a três quilômetros da Estação de Santiago de Compostela, na Espanha e que deixou pelo menos 78 pessoas mortas, pode ter sido causado por um ato irresponsável do maquinista. Segundo informações da Agência Efe, o condutor reconheceu que estava a uma velocidade de 190 km/h em uma zona em que o limite era 80. Um dramático vídeo gravado por uma câmera de segurança e divulgado no site do jornal El País mostra o trem descarrilando ao fazer uma curva em alta velocidade e colidindo com um muro.
O governo galego disse que o trem tinha dois maquinistas, e que um deles está hospitalizado. Não ficou imediatamente claro qual dos maquinistas está sendo investigado. Além disso, as fontes da investigação explicaram que, pouco tempo depois do acidente, o motorista do trem admitiu que estava em alta velocidade em depoimento ao delegado do governo na Galícia, Samuel Juárez.
Há pelo menos 20 feridos em estado grave. O acidente ocorreu às 20h41 (hora local) com um trem que fazia a rota entre Madrid e Ferrol com 218 passageiros. O trem tinha saído da Estação de Chamartin Madrid, às 15h. A imprensa local reproduziu hoje trechos das conversas telefônicas do condutor. Em uma delas, logo após a tragédia, um dos maquinistas chegou a perguntar: “Descarrilei, o que devo fazer? O que devo fazer?”.
Agência Efe
Bombeiros trabalham no local do acidente de trem próximo a Santiago de Compostela, capital da da região da Galícia
Segundo o El País, um dos maquinistas ficou preso nos destroços da cabine e contou por rádio à estação ferroviária que o trem havia entrado na curva a 190 quilômetros por hora. “Somos apenas humanos! Somos apenas humanos!”, dizia o maquinista à estação, segundo relato do jornal a partir de informações de fontes próximas à investigação. “Espero que não haja mortos, porque isso vai recair sobre a minha consciência.”
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Esse foi o acidente de trem mais mortal na Espanha desde 1972, quando um trem colidiu com um ônibus no sudoeste do país, matando 86 pessoas e ferindo 112. O presidente do governo Mariano Rajoy, que nasceu em Santiago de Compostela, compareceu ao local do acidente nesta quinta-feira com as equipes de resgate e depois foi ao hospital visitar passageiros feridos. Ele vai declarar três dias de luto em todo o país.
Aparentando tristeza, Rajoy afirmou a repórteres que para um “nativo de Santiago, como eu, esse é o dia mais triste”. Ele disse que foram abertas duas investigações, uma judicial e outra que será conduzida pelo Ministério de Serviços Públicos para determinar a causa do descarrilamento o mais rápido possível. Mais cedo, o Ministério da Presidência cometeu uma gafe e reutilizou um comunicado de condolências usado para lamentar terremoto na China.
Peregrinos católicos vão a Santiago de Compostela anualmente para celebrar o festival em honra a são Tiago, discípulo de Jesus cujos restos mortais repousam em um santuário. A cidade é o principal ponto de encontro dos fiéis que fazem o Caminho de Santiago. Autoridades locais cancelaram as cerimônias. “O dia 24 de hjulho não será mais a véspera de um dia de celebração, mas em vez disso um dos dias mais tristes da história da Galícia”, disse Alberto Nuñez Feijóo, presidente da região da Galícia, cuja capital é Santiago de Compostela.
* Com informações da Agência Efe, Público.es, El País e AFP