O tribunal do distrito de Uppsala, na Suécia, rejeitou nesta segunda-feira (03/06) um pedido de prisão do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, feito pelo promotoria do país. O ativista australiano é investigado em um suposto caso de abuso sexual cometido em 2010.
Segundo a corte, a solicitação é improcedente e “os promotores do país não podem prender Assange na sua ausência nem solicitar sua extradição do Reino Unido”.
A decisão é considerada um revés para a acusação de Assange, que esperava que o australiano pudesse ser extraditado para a Suécia. Assange está preso em Londres desde abril.
A justiça sueca investiga o envolvimento do ativista em um caso de suposto abuso sexual que teria acontecido em 2010. Assange nega e diz que as acusações têm motivações políticas.
As investigações, que haviam sido interrompidas em 2017, foram reabertas após Assange ser preso na embaixada do Equador, em Londres, quando o presidente equatoriano, Lenín Moreno, retirou o asilo diplomático concedido ao australiano em 2012.
'Tortura psicológica'
Em comunicado publicado em Genebra no mês de maio, o relator especial da ONU sobre a Tortura, Nils Melzer, visitou Assange na prisão e afirmou que o australiano foi “deliberadamente exposto” a “formas graves de tratamento punitivo” por vários anos e apresenta todos os sintomas de uma exposição prolongada de “tortura psicológica”.
O fundador do WikiLeaks “não deve ser extraditado para os Estados Unidos. A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora”, exigiu Melzer.
O relator da ONU visitou o australiano no último dia 9 de maio junto a dois especialistas médicos. Segundo Melzer, Assange, que está detido em uma prisão de segurança máxima, além de apresentar doenças físicas, sofre com “uma ansiedade crônica e traumas psicológicos intensos”.
Acusações de Washington
No dia 23 de maio, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos denunciou o fundador do WikiLeaks de praticar “espionagem” por receber e publicar informações confidenciais do governo norte-americano.
Ao todo, os EUA apresentaram 17 novas acusações contra Assange, que já havia sido acusado de “conspirar” com a ex-analista militar Chelsea Manning para violar a senha de um computador do Departamento de Defesa.
Se o ativista for considerado culpado de todas as acusações, poderá enfrentar uma sentença máxima de 175 anos de prisão nos EUA. Pelo Twitter, um porta-voz do WikiLeaks afirmou que “isso é uma loucura. É o fim do jornalismo de segurança nacional e da primeira emenda”.
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Decisão é considerada um revés para a acusação de Assange, que esperava que o australiano pudesse ser extraditado para a Suécia