O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta segunda-feira (02/12) Brasil e Argentina de desvalorizarem artificialmente o real e o peso e, por isso, anunciou que iria restaurar as taxas para o aço e o alumínio provenientes dos dois países, medida que havia aliviado em agosto de 2018.
“Brasil e Argentina estão operando uma desvalorização massiva de suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores. Por isso, e com vigência imediata, vou restaurar as tarifas em todo o aço e alumínio que é enviado para os EUA destes países”, escreveu Trump, pelo Twitter.
“O Federal Reserve [o Banco Central norte-americano] deveria agir da mesma maneira para que países, que são muitos, não tirem mais vantagem do nosso dólar forte ao continuar desvalorizando suas moedas. Isso torna muito difícil para nossos fabricantes e agricultores exportar seus bens de maneira justa. Baixar as taxas e aliviar – Fed!”, prosseguiu.
Brazil and Argentina have been presiding over a massive devaluation of their currencies. which is not good for our farmers. Therefore, effective immediately, I will restore the Tariffs on all Steel & Aluminum that is shipped into the U.S. from those countries. The Federal….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 2, 2019
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Com a reimposição, quem importar aço ou alumínio do Brasil e da Argentina precisará pagar uma sobretaxa de 25%.
O dólar, no Brasil, tem sofrido uma escalada nos últimos dias e, desde janeiro, já subiu 9,43% – ou seja, o real tem se desvalorizado. Com isso, as exportações brasileiras ficam mais baratas no exterior. Na sexta, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,57%, a R$ 4,2397.
Alan Santos/PR
Bolsonaro e Trump na Casa Branca, em março: norte-americano acusou Brasil de desvalorizar moeda
Já a Argentina sofre com os efeitos da crise econômica, que se arrasta desde o ano passado e que custou a reeleição do atual presidente, Mauricio Macri. Desde o início de 2019, o peso argentino perdeu 22% do seu valor e, na sexta, fechou a $ 59,93.
Reação de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro, que se considera aliado de Donald Trump e com quem se encontrou duas vezes neste ano, disse que falará com o norte-americano “se for o caso”. Ele foi questionado sobre o assunto ao sair do Palácio do Planalto nesta manhã.
“Vou falar com o [ministro da Economia, Paulo] Guedes hoje. Alumínio? Vou falar com o Paulo Guedes agora. Vou conversar com o Paulo Guedes. Se for o caso, ligo para o Trump. Eu tenho um canal aberto com ele”.
Questionado se seria possível fazer com que o governo norte-americano recuasse da decisão, Bolsonaro insistiu que falaria com o ministro. “Converso com o Paulo Guedes e depois dou uma resposta, para não ter que recuar”, afirmou.
Argentina
O governo argentino declarou ao jornal Clarín que não esperava as medidas anunciadas por Trump nesta segunda-feira. De acordo com o periódico, o ministro de Produção, Dante Sicá, pediu ao embaixador da Argentina nos Estado Unidos. Fernando Oris de Roa, uma entrevista com o secretário do comércio do governo norte-americano.