O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (28/01), após mais de dois anos de desenvolvimento, o plano norte-americano para resolver as disputas territoriais entre Israel e Palestina.
Em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump afirmou que seu plano será “uma solução de dois Estados”, declarando que Jerusalém permanece como a capital “indivisível” de Israel. Segundo o presidente norte-americano, a Palestina seria reconhecida como soberana pelos Estados Unidos e com uma capital em Jerusalém Oriental, onde os EUA cogitam abrir uma embaixada.
“Quero que seja um grande acordo para os palestinos. É uma oportunidade histórica para eles, depois de 70 anos sem progresso”, disse Trump.
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O presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, criticou o plano proposto pelos Estados Unidos e disse que o acordo nunca se concretizará e que o povo palestino o jogará na “lata de lixo da História”.
“Jerusalém não está à venda, o 'acordo do século' não será cumprido e nosso povo a enviará para a lata de lixo da história”, disse Abbas sobre a proposta. o mandatário palestino ainda afirmou que o povo palestino está unido “diante de todos os planos de extermínio que nosso povo rejeitará. Dizemos 'não, não, não' ao acordo do século”.
Mohammad Shtayyeh, premiê da Palestina, afirmou que o plano irá “acabar com a causa palestina” e disse que a Palestina rejeita o acordo anunciado por Trump e Netanyahu. “Rejeitamos e nós demandamos à comunidade internacional não fazer parte disso, pois vai contra com o básico das leis internacionais e aos direitos inalienáveis da Palestina”. disse.
“Minha visão apresenta uma oportunidade ganha-ganha para ambos os lados, uma solução realista de dois estados que resolve o risco do Estado palestino para a segurança de Israel”, disse Trump.
White House
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Donald Trump, presidente dos EUA
O plano dos EUA ainda reconhece as ocupações israelenses na Palestina e proíbe que Israel construa novos assentamentos em territórios palestino por quatro anos. O acordo também prevê dobrar o território palestino, garante a visita de muçulmanos à mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém.
As discussões do plano não tiveram a presença de autoridades da Palestina. Segundo informações da agência Reuters, um representante do grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disse que o anúncio de Trump é “sem sentido”. Sami Abu Zuhri afirmou que os “palestinos enfrentarão o acordo e Jerusalém continuará um território palestino”.
A agência ainda informou que protestos em Gaza e na Cisjordânia foram vistos contra o mandatário norte-americano. A emissora Al Jazeera afirmou que muitos manifestantes queimaram fotos de Trump e de Netanyahu, carregando cartazes com os dizeres “Palestina não está à venda”.
A Liga Árabe anunciou uma reunião para sábado (01/02) para discutir o plano de Trump. Hossam Zaki, vice-secretário da organização, afirmou para jornalistas que o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, estará presente no encontro.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, classificou na tarde de segunda-feira (27/01) como “ilusório” o plano anunciado por Trump. O chanceler afirmou que o acordo proposto vai morrer “na chegada” de seu anúncio.
Zarif disse que o certo é um referendo para que “todos os palestinos -muçulmanos, judeus ou cristãos- decidam seu futuro”.
“Em vez de um ilusório 'acordo do século' – que morrerá na chegada – os 'campeões da democracia' fariam melhor em aceitar a solução democrática do Irã proposta pelo aiatolá Ali Khamenei”, disse. Em 2018, Khamenei reiterou uma necessidade de um referendo para que o conflito fosse resolvido.
(*) Com Sputnik.