O empresário Ali Sipahi, cidadão turco naturalizado brasileiro, foi preso no último dia 5 de abril no Aeroporto Internacional de Guarulhos após o governo da Turquia enviar ao Brasil um pedido de extradição, alegando que Sipahi faz parte de uma organização “terrorista”. O empresário possui relações com o Centro Cultural Brasil-Turquia, ligado ao grupo Hizmet, que faz oposição ao governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Apesar de Sipahi estar preso preventivamente desde 5 de abril na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, a defesa do cidadão turco decidiu divulgar as informações de sua prisão e do pedido de extradição nesta quinta-feira (25/04) após ter um pedido de habeas corpus rejeitado. Caso o empresário, que é dono de um restaurante no centro de São Paulo, seja extraditado e condenado na Turquia, ele pode cumprir 7 a 15 anos de prisão.
A defesa do empresário será ouvida no dia 3 de maio, segundo decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin.
Além da acusação de participar de atividades consideradas “terroristas”, Ancara afirma que Sipahi realizou depósitos entre 2013 e 2014 no banco Asya, que Erdogan fechou em 2015 por ligações com o Hizmet. Em 2018, a Justiça da Turquia considerou que correntistas do banco poderiam ser considerados “terroristas”.
Segundo a defesa de Sipahi, a atitude do governo turco faz parte de uma grande perseguição contra o Hizmet, seguidor do ex-aliado de Erdogan, Fethullah Gülen, que hoje vive nos Estados Unidos após ter sido acusado de preparar um golpe contra o presidente turco em 2016. Após o episódio do golpe, o governo classificou o grupo como “terrorista” e efetuou diversas prisões de pessoas ligadas ao Hizmet.
Comunidade turca
O pedido de extradição, entregue à Justiça brasileira pela embaixada da Turquia no dia 15 de fevereiro, provocou receio na comunidade turca que reside em São Paulo, com cerca de 250 pessoas.
Segundo o Centro Cultural Brasil-Turquia, o Hizmet é um grupo civil e sem “pactos políticos”, no qual realiza atividades culturais, econômicas e educacionais. “Nosso medo é a Turquia já ter outros nomes com pedido de extradição”, informou a organização.
Ainda de acordo com o grupo, o presidente do Centro Cultural, Mustafa Goktepe, estava nos EUA quando Sipahi foi preso e ainda não retornou ao Brasil com receio de sofrer uma prisão similar.
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Erdogan envia pedido de extradição a turco naturalizado brasileiro acusando-o de participar em atividade ligado ao Hezmit.