O ministro das Relações Exteriores de Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou na terça-feira (31/01) que seu país não ratificará as candidaturas de Suécia e Finlândia como membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), condição necessária para o ingresso dos dois países à aliança militar.
O diplomata turco manifestou essa posição durante uma coletiva em conjunta com o chanceler da Hungria, Peter Szijjarto.
Diante de uma pergunta dos jornalistas da imprensa local, Cavusoglu disse que “nas atuais circunstâncias, não podemos falar sobre a aprovação [dos pedidos para que Suécia e Finlândia sejam aceitas na OTAN], a menos que [os dois países] cumpram as obrigações estabelecidas no memorando tripartite”.
As exigências de Ancara para a aprovação das duas candidaturas nórdicas têm a ver com a “intensa presença” [como classificou o chanceler turco] do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) “na política da Finlândia e especialmente na Suécia”, situação que o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan considera uma ameaça à segurança nacional do país.
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Chanceler turco Mevlut Cavusoglu se queixou do apoio que a Finlândia e especialmente a Suécia dão ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão
“Se um dia a Suécia cumprir suas obrigações, sentaremos para conversar. Mas, no momento, não podemos dizer sim à candidatura da Suécia nessas condições”, disse Cavusoglu, insistindo em que o caso sueco é muito mais preocupante que o finlandês, na visão do governo turco.
A Turquia também revelou que a próxima reunião entre os representantes do país como as delegações sueca e finlandesa foi adiada. O encontro aconteceria no mês de fevereiro, na sede da União Europeia, em Bruxelas, mas a Turquia pediu uma nova data [ainda não estipulada] e exigiu “maior transparência no processo” de negociação entre as partes.
Vale mencionar que a relação entre Turquia e Suécia também foi afetada pela manifestação protagonizada pelo político dinamarquês-sueco de extrema direita, Rasmus Paludan, no dia 21 de janeiro, quando ele queimou um exemplar do Alcorão em frente à embaixada turca em Estocolmo. As autoridades de Ancara qualificaram o ato como “mais uma prova do nível alarmante de islamofobia, racismo e discriminação na Europa”.