Nesta sexta-feira (16/02) começa a Conferência de Segurança de Munique, um dos mais importantes fóruns internacionais sobre política e segurança no mundo, realizado até domingo em Munique, no sul da Alemanha. Nesta 60ª edição, as discussões devem ficar centradas na guerra da Ucrânia e no conflito em Gaza. Mas um personagem que não comparecerá deve dominar os debates, que é o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O ex-presidente norte-americano ameaçou há poucos dias, caso seja eleito, não proteger contra a Rússia os países da Otan que devem dinheiro à aliança militar ocidental. Isso causa preocupação na Europa e deve ser um dos temas mais discutidos na edição de 2024 da Conferência de Segurança de Munique.
Por isso, uma questão a ser debatida em Munique a partir desta sexta-feira (16/02) será como os europeus podem se tornar mais independentes de seu grande aliado do outro lado do Atlântico em termos de política de segurança.
Depois das ameaças de Trump, os europeus começam a pensar em, por exemplo, terem seu próprio escudo antiatômico, com um arsenal nuclear próprio, para não terem que depender dos Estados Unidos no caso de um ataque russo ao continente.
Só França e Reino Unido têm armas nucleares no continente, sendo que o Reino Unido não faz mais parte da União Europeia. Por isso, o presidente francês, Emmanuel Macron lançou, por exemplo, a ideia de se disponibilizar o arsenal atômico francês para ser uma espécie de escudo dissuasivo na União Europeia contra ameaças de Moscou. Essa deverá ser uma das ideias a serem discutidas na agenda da conferência.
Outros temas, além da Ucrânia e da guerra em Gaza, devem ser também a crise no Oriente Médio, a China e a tensão com Taiwan e segurança cibernética.
Guterres, Zelensky, Kamala Harris
Cerca de 50 chefes de Estado e de governo estarão entre os cerca de 800 participantes do evento em Munique, além de vários ministros de Estado. A abertura do encontro, nesta sexta, fica a cargo do secretário-geral da ONU, António Guterres.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, vai estar presente pela primeira vez do evento desde o início da invasão russa, depois de ano passado ter participado por videoconferência. Ele vai discursar neste sábado (17/02), num momento em que a aliança de apoio a Kiev ameaça ficar enfraquecida face às dificuldades de aprovação de um novo pacote de ajuda de 60 bilhões de dólares dos Estados Unidos pelo Congresso norte-americano. A Ucrânia precisa urgentemente de mais munições e armas.
FDI/Twitter
Situação dramática no sul da Faixa de Gaza e busca de solução para conflito devem ser tematizadas na conferência
E esse certamente será um tema de uma conversa bilateral que Zelensky terá com outra personalidade importante presente em Munique, que é a vice-presidente americana, Kamala Harris. A delegação americana também conta com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken. Além disso, comparecem a Munique mais de 30 congressistas americanos, tanto republicanos como democratas.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, faz um discurso neste sábado. Ele é acompanhado no evento por diversos ministros de Estado alemães. O presidente francês, Emmanuel Macron, e o premiê polonês Donald Tusk também devem comparecer.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, acompanhado do ministro do Exterior do país, Israel Katz, participam do encontro. Também confirmou presença o premiê palestino, Mohammed Shtayyeh. A situação dramática no sul da Faixa de Gaza e a busca de uma solução para o conflito devem ser tematizadas na conferência.
Rússia e Irã não foram convidados
Neste ano, como em 2023, não foram convidados representantes do governo da Rússia. O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, por exemplo, já veio diversas vezes a esse encontro; o presidente russo Vladimir Putin também já participou do evento, mas desde a invasão russa da Ucrânia, esses personagens não são mais bem-vindos à Conferência de Segurança de Munique.
Esse é o caso também da liderança iraniana. Também não estão entre os convidados representantes do partido alemão de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que atualmente é alvo de uma série de protestos no país depois da revelação de que membros da legenda participaram de uma reunião sigilosa onde foi discutida a expulsão em massa de migrantes da Alemanha.