Robert Fico foi designado primeiro-ministro da Eslováquia, após a vitória de seu partido, o Smer-SSD, nas eleições legislativas de sábado (30/09). A presidente do país, Zuzana Caputova, confiou, nesta segunda-feira (02/10), a formação do novo governo a este populista pró-Rússia que pretende acabar com a ajuda militar à Ucrânia.
Contrariando os resultados de duas pesquisas de boca de urna, o partido de Fico obteve 23,3% dos votos, passando o partido de Centro Eslováquia Progressista (PS), que obteve 17,03% dos votos.
“Eu entendo que os resultados das eleições estejam associados a diversas preocupações por várias pessoas”, declarou Caputova, do Partido Progressista. “A missão do chefe de Estado é respeitar os resultados das eleições democráticas e ao mesmo tempo, garantir o bom funcionamento de nossas instituições constitucionais”, declarou em um comunicado antes da cerimônia oficial retransmitida pela televisão.
Durante a campanha, Fico, de 59 anos, prometeu que a Eslováquia não enviaria mais “uma única bala de munição” à Ucrânia e defendeu melhores relações com a Rússia. O ex-primeiro-ministro declarou recentemente que “a guerra na Ucrânia começou em 2014, quando fascistas ucranianos mataram vítimas civis de nacionalidade russa”, repetindo afirmações russas não comprovadas.
No domingo (01/10), ele afirmou que seu país de 5,4 milhões de habitantes tinha “problemas maiores” do que a ajuda à Ucrânia. Até agora, a Eslováquia, membro da União Europeia e da Otan, tem sido um importante doador europeu para a Ucrânia, em proporção a seu PIB.
“Acreditamos que a Ucrânia é uma enorme tragédia para todos. Se Smer for encarregado de formar um gabinete… faremos o nosso melhor para manter conversações de paz o mais rapidamente possível”, disse Fico à imprensa no domingo.
Partido Smer
Robert Fico assumirá seu terceiro mandato não consecutivo como primeiro-ministro da Eslováquia
O Kremlin afirmou que era “absurdo” qualificar como “pro-russo” o partido vitorioso.
“Somos confrontados a uma situação onde todo homem político disposto a pensar na soberania de seu país, a defender os interesses de seu país, é considerado como pro-russo. É absurdo”, declarou a jornalistas o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Cedo para prever consequências
O chefe da diplomacia ucraniana Dmytro Kouleba disse, às margens de uma reunião de chanceleres europeus em Kiev, que a Ucrânia “respeita a escolha do povo eslovaco” e disse que ainda era muito cedo para prever as consequências sobre as relações entre os países.
“Temos que esperar a formação da coalizão e em seguida, olhando sua composição, tiraremos as primeiras conclusões”, julgou o ministro ucraniano. O partido Smer-SD obteve apenas 23% dos votos.
A votação era considerada determinante para saber se o país continuaria em sua tendência pró-ocidental ou se iria se voltar para a Rússia.
O vencedor das eleições precisará da ajuda de partidos menores para formar uma coligação maioritária no parlamento de 150 lugares. O novo governo substituirá o da coligação de centro-direita, no poder desde 2020, que mudou três vezes em três anos e que forneceu considerável ajuda militar e humanitária à Ucrânia.