Um projeto de lei que torna o russo uma das línguas oficiais da Ucrânia gerou polêmica entre a sociedade e os políticos no país. Ex-membro da União Soviética, a Ucrânia saiu do bloco após um referendo. A lei resgata questões relevantes à história do país, como autonomia e independência frente ao vizinho russo.
Nesta terça-feira (05/06), durante a votação, cerca de nove mil manifestantes contra a aprovação do projeto de lei tomaram conta das ruas da capital, Kiev. Com o apoio do partido do presidente Viktor Yanukovich, o Partido das Regiões, a lei foi aprovada em primeira instância, com 234 dos 450 votos. A votação que já havia sido impedida no mês passado por deputados do partido da oposição, Batkivshchyna, voltará a ser discutida no final do ano.
O projeto de lei prevê transformar o status do russo e de outras 17 línguas faladas no país para “línguas regionais” em 13 regiões da Ucrânia. Algumas das mudanças esperadas são: a permissão do ensino dessas línguas nas escolas de alfabetização e o não requerimento do ucraniano em alguns postos de emprego.
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A lei constituiu uma das bandeiras da eleição do presidente ucraniano e conta com o apoio do governo russo, que entende ser um passo necessário na promoção dos direitos à minoria que fala russo. Já o partido da oposição percebe a lei como uma afronta à soberania ucraniana.
Para a ex-primeira ministra Yulia Tymoshenko, principal representante do partido, a lei é “um crime contra a Ucrânia, sua nação, história e povo”. A oposição acusa o presidente de apoiar o projeto apenas para conseguir votos com o eleitorado que fala russo, deolho nas próximas eleições parlamentares de outubro.
De acordo com o World Factbook, da CIA, os russos constituem 17,8% da sociedade ucraniana, seguidos por 0,6% de bielorrussos. Ainda segundo o site, a língua russa é falada por cerca de 24% da população na Ucrânia localizados, sobretudo, na região oriental, perto da fronteira com a Rússia.