A União Europeia (UE) defenderá na cúpula do G20, grupo que reúne os países desenvolvidos e principais emergentes, a continuação dos planos de reativação econômica e o estabelecimento de regras vinculativas sobre os bônus concedidos a executivos de bancos.
Os chefes de Estado e governo dos 27 países-membros da UE definiram hoje (17), em um conselho informal convocado pela presidência sueca do bloco europeu, uma posição comum para a reunião em Pittsburgh (EUA), que começa na próxima quinta-feira.
“Somos 27 membros e uma voz coordenada”, ressaltou o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, ao término da reunião.
Olivier Hoslet/EFE
Os primeiros-ministros do Reino Unido, Gordon Brown, e da Suécia, Fredrik Reinfeldt, durante reunião extraordinária em Bruxelas
Pela Europa, comparecerão à cúpula do G20 Alemanha, França, Reino Unido e Itália e a UE como bloco, assim como Espanha e Holanda, que não fazem parte do grupo, mas participaram das reuniões anteriores em Washington e Londres.
Hoje, os líderes europeus concordaram que ainda não é o momento de suspender as medidas conjunturais iniciadas para tirar a economia da crise, mas consideraram que se faz necessária uma estratégia coordenada para eliminá-las com o objetivo de evitar uma escalada do déficit e da dívida públicos.
“Os estímulos devem ser mantidos até que a recuperação se confirme”, ressaltou Reinfeldt em entrevista coletiva, ao alertar que com déficits superiores a 10% do PIB em alguns países, “é preciso começar a pensar na estratégia de saída”.
Reinfeldt lembrou que, por trás da atual crise, está o excessivo endividamento das famílias e destacou que a solução não pode ser um maior endividamento dos países.
“Temos que voltar a ter finanças públicas saneadas”, insistiu o primeiro-ministro sueco, que reconheceu, no entanto, que a situação da economia é ainda muito incerta e os riscos persistem, motivo pelo qual a “estratégia de saída” não pode ser aplicada ainda.
Incentivos dos bancos
A outra grande prioridade dos europeus para a cúpula de Pittsburgh é fixar limites às remunerações variáveis no setor bancário, conscientes da irritação que provoca na opinião pública um eventual retorno das gratificações milionárias após a ajuda pública concedida a muitas entidades bancárias à beira da quebra.
Embora as autoridades norte-americanas já tenham demonstrado suas reservas quanto a intervir neste âmbito, os europeus vão propor para os outros membros do G20 a imposição de regras vinculativas sobre os incentivos nos bancos, “respaldadas pela ameaça de sanções em nível nacional”.
O objetivo é que haja uma ligação clara entre as retribuições e os resultados no longo prazo.
Para isso, entre outras limitações, as gratificações só poderiam representar uma percentagem da remuneração fixa ou dos lucros do banco. Além disso, fica impedida a execução das opções sobre ações ou a venda das ações, até certo prazo, e haveria um bloqueio sobre a cobrança de incentivos em caso de resultados negativos.
“Temos que abandonar a atual cultura das premiações [aos diretores do setor financeiro], baseadas nos resultados no curto prazo. Do nosso ponto de vista, a bolha dos bônus estourou hoje”, afirmou Reinfeldt.
Para o primeiro-ministro sueco, não é possível que os bancos, alguns dos quais devem sua sobrevivência ao dinheiro dos contribuintes, “tirem vantagem de seus bons resultados futuros” e finjam que a crise “foi um contratempo menor”.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, de quem partiu a ideia de regular os incentivos nos bancos, ressaltou que “a Europa está unida em torno de uma forte mensagem: não queremos que isto volte, que o escândalo das gratificações continue”.
Uma iniciativa que não obteve apoio hoje foi a apadrinhada pela chanceler alemã, Angela Merkel, de promover uma nova taxa sobre as transações financeiras.
Em nome da presidência da UE, Reinfeldt a descartou taxativamente, enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, alegou dificuldades para sua aplicação prática.
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