O Uruguai tentará organizar uma reunião “trilateral”, primeiro com a Argentina e depois com o Paraguai, a fim de avançar nas negociações para facilitar uma saída ao mar para a Bolívia, afirmou o chanceler Luis Almagro.
Em declarações à rádio El Espectador, o ministro uruguaio das Relações Exteriores fez referência às conversas encaminhadas com o país andino nesse sentido e afirmou que durante a visita do presidente José Mujica a seu par boliviano, Evo Morales, o tema foi retomado.
Leia também:
Uruguai relembra 25 anos da libertação dos últimos presos políticos
Mujica promete continuidade na política econômica e se distancia da imagem de guerrilheiro
Almagro ressaltou que o tema da saída para o mar requisitado pela nação latina é um assunto que requer atenção “regional”. “Há que resolver temas práticos que envolvam toda a região”, explicou Almagro, retomando a ideia das reuniões trilaterais com Argentina e Paraguai.
“Temos um porto muito forte de águas profundas na região, e isso pode impulsionar o crescimento de outros portos. O de São Paulo [Santos] não elimina os pequenos, mas os potencia”, explicou ele como exemplo.
A requisição boliviana de recuperar uma saída para o mar – perdida para o Chile em uma guerra travada entre 1879 e 1883 – foi um dos temas da agenda mantida entre Mujica e Morales durante este fim de semana, quando o mandatário uruguaio encontrou o homólogo andino na região de Cochabamba.
Na ocasião, Mujica declarou à imprensa que a prioridade de seu país é ter acesso ao gás natural boliviano. Em troca, a nação favoreceria o governo de Evo Morales em relação a seus portos de Montevidéu e Nueva Palmira, no Oceano Atlântico.
“Isto significa a participação da Argentina nesta política. Que a Argentina deixe passar gás e nos cobre segundo os preços bolivianos”, explicou o mandatário. Hoje, Almagro ressaltou o papel da nação vizinha afirmando que o país de Cristina Kirchner “tem a chave” para o acesso do Uruguai ao gás boliviano.
“Para a Bolívia é estratégico vender gás ao Uruguai porque isso é uma diversificação dos mercados que tem atualmente, e para nós é importante recebê-lo pagando um preço menor; então o tema aqui é resolver com a Argentina os aspectos técnicos que permitam isso”, ressaltou ele.
“Teria que haver um acordo tripartido entre Uruguai, Bolívia e Argentina a fim de assegurar a possibilidade de que a Bolívia bombeie gás à Argentina e o gás seja transmitido também desde a Argentina ao Uruguai”, informou.
O chanceler, no entanto, esclareceu que a negociação sobre o transporte do hidrocarboneto é independente da oferta de seu governo ao andino em relação à saída para o mar através dos portos de Nueva Palmira e Montevidéu.
“Nos dois temas existe interesse das duas partes. No tema do gás existe interesse da Bolívia em vendê-lo e nosso em comprá-lo; no tema portuário existe interesse da Bolívia de ter uma saída ao Atlântico e nós temos uma possibilidade constituirmo-nos ainda mais fortemente como centro logístico”, comunicou Almagro.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL