Em meio a pior seca dos últimos 70 anos no Uruguai, o sindicato dos trabalhadores do país (PIT-CNT), convocou uma manifestação nesta quarta-feira (31/05) na capital Montevidéu em defesa do direito à água e para exigir soluções estruturais do governo.
O sindicato organiza a partir das 17h30 uma marcha para percorrer a área central de Montevidéu, que deve terminar em frente à Torre Executiva, sede do governo nacional.
Ao convocar a manifestação, a organização lembrou que apesar do governo afirmar que a crise hídrica se dá pela falta de chuva, mais de 50% da água bombeada no país é perdida devido ao mau estado dos canos condutores.
Além disso, o PIT-CNT ainda apontou que há menos mil postos de trabalho na empresa pública Obras Sanitárias do Estado (OSE), responsável pelo abastecimento de água potável a nível nacional.
Em comunicado, a central sindical deixou claro que por detrás do problema existe “uma clara componente de má gestão, agravada pelo desinvestimento e falta de orçamento”.
Na opinião dos sindicatos uruguaios, esta situação se deve a um modelo produtivo “em que os recursos naturais não são protegidos e são utilizados com base nos interesses do capital agroexportador”.
O PIT-CN afirmou que essa situação será perpetuada “enquanto esse modelo de desigualdade, que se baseia na retirada do Estado dos assuntos públicos, no desmantelamento das empresas públicas e no privilégio dos negócios privados sobre os interesses e direitos da população, for aprofundado”.
Wikicommons
Rio Santa Lucía, que abastece 60% da população uruguaia, enfrenta seca
Pior seca nos últimos 70 anos
O Uruguai vive a pior seca dos últimos 70 anos, e há mais de duas semanas quase dois milhões de uruguaios (de uma população de 3,4 milhões) estão sem acesso à agua tratada, sendo obrigados a consumir água salgada da torneira ou comprar água engarrafada.
A escassez de água em dois reservatórios do rio Santa Lucía, que abastece 60% da população, obrigou as autoridades a usar água com maior salinidade, extraída de uma área de Santa Lucía próxima ao Rio de la Plata .
Um desses reservatórios, Paso Severino, tinha um total de 4.260.411 metros cúbicos até a última segunda-feira, pouco mais de 6% de sua capacidade. O outro reservatório, chamado Canelón Grande, está seco.
Quem são os responsáveis?
A percepção de que essa situação não tem a ver apenas com a seca também ficou palpável nos resultados de uma pesquisa respondida por 21.357 pessoas, aplicada entre os dias 16 e 25 de maio.
11,64% da amostra considerou que a situação se deve à falta de chuva, mas 88,36% manifestou que também existem outras responsabilidades.
Deste segmento, 54,27% consideram que o problema é responsabilidade do atual governo, presidido por Luis Lacalle Pou; 12,35% culparam o OSE e 23,8% por cento culparam governos anteriores.
(*) Com TeleSUR