O presidente do Parlamento da Venezuela, Jorge Rodríguez, ameaçou nesta quinta-feira (13/07) rejeitar a presença de uma missão de observação eleitoral da União Europeia nas próximas eleições presidenciais no país, que devem ser realizadas em 2024.
As declarações vierem em resposta a uma resolução aprovada na manhã desta quinta-feira pelo Parlamento Europeu que condena as inabilitações de opositores venezuelanos e pede que haja um “processo independente” para a escolha de um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no país.
“Eu digo a você, Josep Borrel (alto comissário para Assuntos Externos da União Europeia), aqui não virá nenhuma missão de observação da Europa enquanto nós sejamos os representantes do Estado venezuelano, não virão. Eles violaram o acordo que assinamos com eles”, disse Rodríguez.
O chefe do Legislativo venezuelano ainda chamou de “imbecilidade humana” a resolução europeia, afirmando que o documento continha “postulados delirantes” sobre a política venezuelana.
“A velha Europa, com nostalgia do império que foi, tenta mostrar seus dentes cariados à Venezuela e mesmo que isso seja uma imbecilidade devemos mostrar nosso mais profundo rechaço a essa tentativa de ingerência imperial”, disse.
Com 495 votos a favor e 25 contrários, o Parlamento europeu aprovou uma resolução que condena as inabilitações de Maria Corina Machado, Henrique Capriles e Freddy Superlano, todos pré-candidatos à Presidência que disputarão as eleições primárias da oposição.
Além disso, os eurodeputados pediram um “procedimento independente” para a escolha de um novo Conselho Eleitoral Nacional (CNE), que passa por uma renovação de sua direção e deverá ser reformado pela Assembleia Nacional venezuelana.
Assembleia Nacional
Presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, respondeu de forma dura os questionamentos de autoridades da União Europeia
Ainda segundo o documento aprovado, a Venezuela supostamente teria ignorado as recomendações feitas pela última missão de observação eleitoral que esteve presente no país para as eleições regionais de 2021 que elegeram prefeitos, governadores e deputados estaduais. Na ocasião, a União Europeia enviava pela primeira vez em 15 anos uma missão à Venezuela e, apesar de apontar alguns delitos, concedeu credibilidade internacional ao pleito.
A resolução do Parlamento também afirma que a “próxima cúpula entre União Europeia e Celac é uma oportunidade para defender os princípios do Estado de Direito, da democracia e dos direitos humanos”.
Reações
Após a inabilitação da ex-deputada Maria Corina Machado se tornar pública no último dia 30 de junho, os Estados Unidos, a União Europeia e presidentes de outros países criticaram a decisão e se solidarizaram com a opositora.
Caracas, por sua vez, rechaçou as declarações e classificou as posturas como “ingerência”, reafirmando a “soberania das instituições venezuelanas”.
Segundo ofício da Controladoria-Geral da República, Machado está inabilitada de exercer qualquer cargo público por 15 anos pois a opositora teria ocultado bens e ativos de sua declaração patrimonial que deveria ter sido apresentada quando ela era deputada no Parlamento. Machado nega as acusações.
Ultraliberal conservadora, Maria Corina é engenheira e filha de um dos maiores empresários da Venezuela que faleceu em janeiro deste ano. Ela entrou para a política como diretora de uma ONG que apoiou o golpe de 2002 contra o ex-presidente Hugo Chávez e convocou o referendo revogatório de 2004.
Hoje, filiada ao partido Vente Venezuela, é uma das favoritas para as primárias da oposição e, se eleita presidente, propõe a privatização de quase todas as empresas e serviços estatais do país.