O Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), órgão venezuelano, tem em mãos um vídeo gravado minutos antes do assassinato do dirigente municipal do partido Ação Democrática Luis Manuel Díaz, ocorrido na última quarta-feira (25/11) em Altagracia de Orituco, no estado de Guárico, região central da Venezuela.
Na gravação, realizada por um assistente do comício durante o qual Díaz foi morto, é possível ver três homens que fazem sinais entre si quando descobrem que estão sendo gravados. Os três procuram evitar as câmeras.
Segundo o Sebin, eles seriam policiais à paisana. O órgão busca determinar suas identidades e se pertencem à polícia municipal de Valle de la Pascua ou Chaguaramas. Os prefeitos desses municípios, Pedro Loreto e Giovani Salazar, haviam sido convidados para o comício em Altagracia de Orituco, onde Díaz foi assassinado, porém não compareceram.
Na mesma quarta-feira, Loreto e Salazar receberam Lilian Tintori, esposa do político opositor Leopoldo López, em Valle de la Pascua e lhe ofereceram um grupo de policiais para sua custódia.
Agência Efe
Jorge Rodríguez, chefe do Comando de Campanha Bolívar Chávez, mostra ficha policial de Luis Manuel Díaz
Assassino não foi capturado
Oscar de Jesús Noguera Hernández, conhecido como “El Pipi”, é o principal suspeito do assassinato do sindicalista da Ação Democrática. O assassino, que esteve no comício e se postou atrás do palanque, ainda não foi capturado. Disparou com uma pistola 9 mm que fez o som de uma rajada de tiros. As autoridades venezuelanas suspeitam que a pistola teve seu seletor de tiro alterado a fim de provocar este som.
Além de Ovidio José Pérez, há outra pessoa ferida cuja identidade ainda se desconhece. Ambos estão sendo interrogados. O Ministério do Interior venezuelano enviou uma comissão ao local para investigar o assassinato. Na sexta-feira (27/11) fizeram diversos levantamentos. Até o momento, consideram que a motivação do crime é o enfrentamento de duas quadrilhas rivais pelo controle da venda de postos de trabalho na termelétrica que está sendo construída neste povoado do norte de Guárico, além do dinheiro da extorsão de comerciantes, sequestro de pessoas e furto de carros.
Guerra entre bandos
O bando de Malony estava caçando Díaz para cobrar dele o assassinato de dois de seus integrantes, crime pelo qual o dirigente da Ação Democrática tinha estado preso na Penitenciária Geral da Venezuela entre 2010 e 2013. O duplo homicídio ocorreu em 8 de março de 2010 no distrito Paural de Altagracia de Orituco. Os mortos foram Miguel Alfredo Hurtado Hidaldo, 29 anos, e Alexander José Ortuño Madriz, 21. Naquele momento, Díaz dirigia a caminhoneta que transportava os pistoleiros, segundo a sentença do tribunal de Guárico.
Desconhecem-se as razões que levaram o sistema de justiça a libertar Díaz. Desde que saiu da prisão, o dirigente se refugiava em sua casa porque havia recebido ameaças de morte.
Tiros vieram de trás do palanque
A verdade não contada pela mídia local e internacional, nem pelos porta-vozes da oposição venezuelana, nem pelos opositores de Maduro ao redor do mundo é que Díaz foi assassinado detrás do palanque, ao qual só tinham acesso militantes da Ação Democrática, que faz oposição ao governo de Nicolás Maduro.
Díaz era membro do bando Los Plateados
A morte de Luis Manuel Díaz está marcada pela rivalidade de bandos criminosos do estado, com estreitos vínculos partidários.
Assim que tomou conhecimento da morte de Díaz , o secretário-geral da Ação Democrática, Henry Ramos Allup, escreveu mensagem em sua conta no Twitter responsabilizando o governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) pelo crime. Em seguida, manchetes de jornais de Bolívia, Chile e Argentina dedicaram amplo espaço a comentários sobre a “violência política” na Venezuela. Seguiu-se a “preocupação” do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, às vésperas das eleições.
No entanto, nem os jornais sul-americanos nem a OEA nem as chancelarias de países do Mercosul nem os dirigentes políticos de distintos países que se opõem à revolução bolivariana mencionaram que Díaz foi assassinado como parte de um enfrentamento pelo controle das atividades delitivas entre quadrilhas criminosas – a de El Malony e a de El Juvenal, tal como afirmou na quinta-feira (26/11) Jorge Rodríguez, chefe do Comando de Campanha Bolívar Chávez.
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Rodríguez divulgou provas de que Díaz, membro do bando Los Plateados, mantinha relações com máfias sindicais da construção em Guárico, cujo poder disputava com o prefeito do município Chaguaramas, Giovanni Salazar, militante do partido opositor Primero Justicia, também apontado como pertencente a um bando chefiado “por um perigoso paramilitar conhecido como ‘El Juvenal’”, acrescentou Rodríguez.
Oscar Hernández, El Pipi
A polícia venezuelana procura Oscar de Jesús Noguera Hernández, conhecido como “El Pipi”, presunto autor do assassinato de Luis Manuel Díaz.
Díaz, alcunha “La Crema”, foi morto por um tiro que recebeu enquanto descia do palanque onde se realizava um comício com Lilian Tintori, esposa do opositor venezuelano Leopoldo López, e a candidata à Assembleia Nacional Rumy Olivo. Outra pessoa, Ovidio José Pérez, ficou ferida no ombro.
“El Pipi” é integrante do bando El Malony, organização criminosa dependente de José Colina, conhecido como “El Picure”, rival do bando Los Plateados, segundo investigações policiais.
Os dois grupos disputam o controle dos homicídios sob encomenda, a extorsão e a cobrança de “vacinas”, propinas em troca de segurança, nos municípios de Las Mercedes del Llano, Santa Rita de Manapire, Lezama, Paso Real, Sabana Grande, Macaira, entre outros, além da venda de postos de trabalho na usina termoelétrica Willian Lara, que está sendo construída em Altagracia de Orituco, onde Díaz era sindicalista.
Como parte desse confronto entre quadrilhas, Díaz estava sendo julgado por suposta participação junto a outros indivíduos no assassinato de três pessoas. Por esse delito, Díaz esteve recluso por três anos na Penitenciária Geral da Venezuela. A continuação do julgamento estava marcada para o dia 27 de janeiro de 2016.
“El Pipi”, considerado como um dos melhores pistoleiros de “El Picure”, teria assassinado Díaz com uma pistola 9 mm, a mesma usada em outro homicídio ocorrido em Altagracia de Orituco no dia 9 de outubro.
Desde que deixou a prisão, Díaz quase não saía de sua casa, localizada no distrito Buenos Aires, porque estava sendo ameaçado, segundo os vizinhos. Por isso tinha câmeras de segurança e um grupo de homens armados ao redor de sua residência.
Luis Manuel Díaz
O militante da Ação Democrática assassinado nesta quarta-feira (25/11) tinha uma longa ficha policial, informou Jorge Rodríguez, que explicou também que Díaz era “amplamente conhecido como um delinquente” no estado de Guárico.
Segundo Rodríguez, Giovanni Salazar, prefeito de Chaguaramas e militante do partido Primero Justicia, disputava o controle das máfias sindicais com Luis Manuel Díaz. Salazar foi apontado por membros do bando El Juvenal de lhes ter entregado armas de cano longo.
Díaz estava no cargo de secretário da AD em Altagracia de Orituco havia apenas dois meses.
*Informações de ultimasnoticias.com.ve