Os protestos na Venezuela e na Ucrânia foram os maiores destaques da semana em Opera Mundi. Nos dois países, milhares de pessoas saíram as ruas seja para apoiar ou para protestar contra os governos de Nicolás Maduro e Viktor Yanuokovich.
Luciana Taddeo/ Opera Mundi
Um dos apontados pelas manifestações no país, Leopoldo López se entregou na terça-feira desta semana
Na quinta-feira (20/02), o presidente venezuelano afirmou que o governo havia iniciado um processo administrativo “para tirar a CNN [rede de televisão norte-americana] da Venezuela”, justificando que não aceitará mais a “propaganda de guerra”. Poucas horas antes, Obama havia afirmado que os EUA “condenam energicamente” a situação na Venezuela e considerou “legítimas” as reivindicações dos manifestantes. Ele também criticou o anúncio de expulsão de três funcionários norte-americanos por parte do governo venezuelano. Em seguida, o governo de Caracas repudiou as declarações de Obama em comunicado.
Entre as oito mortes confirmadas por Caracas, destaca-se a de uma miss venezuelana, que faleceu na quarta (19/02) após ser atingida por uma bala no crânio durante um protesto opositor na cidade de Valencia, no estado de Carabobo. No mesmo dia, militantes de organizações e partidos em defesa de Nicolás Maduro ficaram lado a lado com membros de grupos contrários ao presidente venezuelano em frente à sede do Consulado Geral da Venezuela em São Paulo
Efe
Maduro repudia as declarações do presidente norte-americano Barack Obama na quinta-feira
Na terça (18/02), opositor Leopoldo López – dirigente do partido Vontade Popular e acusado pelo presidente Nicolás Maduro de ser autor intelectual da violência nos protestos vividos no país nos últimos dias – se entregou aos membros da Guarda Nacional do país.
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Já na Ucrânia, os protestos seguem há mais de três meses. Na sexta (21/02), o presidente Viktor Yanuokovich propôs um pacto para encerrar os violentos conflitos no país ao lado de líderes da oposição. No mesmo dia, um acordo provisório de paz que prevê reformas constitucionais foi votado no Legislativo. Entre as medidas, foram aprovadas a implementação da Constituição de 2004, em substituição à Carta Magna atual, que dá mais poderes ao Executivo. O acordo anunciado por Yanukovich prevê também a antecipação das eleições presidenciais para, no máximo, dezembro de 2014.
Efe
Mortes nas manifestações passam de 100 de acordo com a oposição; autoridades confirmaram 67 na quinta-feira
Na quinta (20/02), o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, havia afirmado que via a possibilidade de uma guerra civil na Ucrânia como “muito real”. A afirmação veio após a reunião dos chanceleres Radosław Sikorski (Polônia), Frank-Walter Steinmeier (Alemanha) e Laurent Fabius (França) – enviados pela União Europeia para mediar as negociações em Kiev – com Yanukovich. Ainda na quinta, a União Europeia ameaçou impor sanções à Ucrânia por causa da escalada da violência – o que foi chamada de “inapropriada” por Moscou.
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As medidas vieram depois de pelo menos três dias de intensa violência. Na quarta (19/02), a oposição ucraniana estimou que havia mais de cem mortos nos violentos confrontos registrados desde terça-feira (18/02) na capital ucraniana . O Ministério da Saúde, entretanto, confirma o falecimento de 67 pessoas — incluindo 13 policiais —, sendo que 11 delas morreram em hospitais. As autoridades governamentais também estimam em mais de mil feridos.
Efe
Volta da Constituição de 2004 vai limitar os poderes de Yanukovich e deve segurar escalada de violência nas manifestações
Os protestos começaram após o governo ucraniano se recusar a assinar um acordo com a União Europeia, optando por se aproximar da Rússia, que ofereceu um crédito de 15 bilhões de dólares a Kiev e uma redução do preço do gás. Kiev argumenta que o pacto com o bloco europeu prejudicaria a parcela mais pobre de sua população.
À espera da verdade
Paralelamente às manifestações da Venezuela e Ucrânia, Opera Mundi revelou no especial “À espera da verdade” que, quatro anos antes da eleição de Salvador Allende à Presidência do Chile, em 1966, a ditadura brasileira se colocou à disposição para colaborar com um golpe de Estado contra um eventual governo da esquerda chilena. Na época, o Chile era presidido pelo democrata cristão Eduardo Frei Montalva, mas ainda assim o marechal Humberto Castello Branco e seus ministros demonstravam preocupação com os rumos do país.
Imagem cedida pelo Arquivo CPDOC/FGV
Da esquerda para direita: Ernesto Geisel, Castello Branco, Juracy Magalhães e Luís Viana Filho