Em uma cena que seria inimaginável há pouco tempo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, recebeu nesta quinta-feira (10/04) representantes da oposição do país para, juntos, usarem a via do diálogo para dar um fim à onda de violência que assola a Venezuela desde o início de fevereiro. Ao lado também da comissão de chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Maduro lembrou os mortos e pediu boa vontade para que a paz retorne ao país. “Paciência, paciência, e mais paciência. Tolerância e mais tolerância”, disse.
Efe
Maduro recebeu opositores em Caracas. “Esse diálogo era impostergável. Vamos buscar curar a sociedade da insanidade”
“Esse diálogo era impostergável. Vamos buscar curar a sociedade da insanidade. Uma coisa é o protesto e outro é a violência. Eu os convido a que condenem a violência, que todos nós condenemos”, afirmou Maduro. A Venezuela vive desde o dia 12 de fevereiro uma série de protestos antigovernamentais, que em algumas ocasiões tornaram-se violentos e deixaram um saldo de 39 mortos, centenas de feridos e detidos.
Dentre os opositores, reunidos em torno da MUD (Mesa de Unidade Democrática), estavam o governador do Estado de Lara, Henri Falcón e do Estado de Miranda, Henrique Capriles. Maduro agradeceu especialmente ao núncio apostólico na Venezuela, Aldo Giordano, e à Colômbia, Brasil e Equador, grupo de países que mediou o encontro, através dos chanceleres María Ángela Holguín, Ricardo Patiño e Luiz Alberto Figueiredo, respectivamente.
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“Graças ao trabalho feito com a aproximação da Unasul, Vaticano e os distintos setores políticos convidados”, lembrou Maduro, o encontro foi possível. A Unasul jogou um papel-chave nos diálogos de paz entre o governo e a oposição. Figueiredo saudou o início do processo: “meses de ação discreta e contínua do Brasil renderam frutos: o diálogo na Venezuela se concretizará” e destacou que “governo e oposição desejam ver o Brasil entre os garantes do diálogo”.
Papa Francisco
Giordano, que irá observar o diálogo entre a oposição e o governo, leu uma carta do Papa Francisco, na qual o líder da Igreja Católica convida as partes a conversarem com base no respeito. “Por meio do diálogo podem descobrir a base comum do conflito que fere a Venezuela para encontrar colaboração. Todos vocês compartilham o amor por seu povo assim como a dor que causou a violência e a criminalidade (…) por isso os convido a levar um diálogo pela conjuntura do respeito”, diz a carta.
Momento em que Maduro cumprimenta opositores:
Além disso, acrescenta que “se trata de um caminho longo e difícil, mas o único que pode conduzir o país para longe da violência. Por isso lhes peço que tenham coragem”. Ao todo, 11 representantes das partes envolvidas no diálogo se pronunciam no encontro realizado neste quinta-feira em Caracas.