A ordem veio direto do Palacio de Miraflores. A ajuda venezuelana aos pobres nos Estados Unidos está de volta, após ser interrompida durante pouco mais de 24 horas por falta de fundos. O petróleo gratuito para aquecer os lares dos mais desfavorecidos, principalmente na costa leste norte-americana, voltará a fluir nos próximos dias.
Segundo confirmou Alejandro Granado, presidente da Citgo, subsidiária da estatal venezuelana PDVSA nos Estados Unidos, o programa vai continuar porque constitui “um interesse” do presidente Hugo Chávez.
“Trata-se de uma decisão resultante do nosso forte compromisso e um grande esforço por parte da Citgo e nossos acionistas, apesar da crise financeira global e seu impacto na indústria petrolífera”, disse Granado, numa entrevista coletiva em Boston, Massachussetts, acompanhado por Joseph P. Kennedy, presidente da ONG Citizens Energy. Ele é sobrinho do assassinado presidente John F. Kennedy e filho do senador Bob Kennedy.
O corte da ajuda aos pobres foi anunciado na segunda-feira e apresentado como consequência direta da queda dos preços do barril de petróleo nos últimos seis meses, de US$ 147 para US$ 48. O preço do petróleo venezuelano, por ser mais pesado, é ainda mais baixo: US$ 39 o barril.
O programa foi criado por iniciativa de Chávez em 2005 nos estados de Nova York, Pensilvânia e Massachussetts, com ajuda de Citizens Energy. Observadores viram-no como uma forma de mostrar que sua oposição ao presidente George W. Bush não incluía o povo americano. Só no inverno passado, foi distribuído o equivalente a US$ 100 milhões, que beneficiaram 400.000 famílias em 23 estados, incluindo 65 tribos indígenas.
“Tenho conhecimento da genuína preocupação pessoal do presidente Chávez sobre a incapacidade dos mais pobres de poderem proteger-se neste inverno, onde quer que vivam”, disse Kennedy.
Prova disso “é que o presidente Chávez quis que fossem feitos todos os esforços para que o programa continue”, acrescentou o presidente da Citizens Energy.
Kennedy, contudo, foi mais longe na leitura que fez da rapidez com que a entrega do petróleo foi reatada. “Esta decisão é uma mensagem clara e direta do desejo do presidente Chávez de fortalecer as relações entre o seu país e os Estados Unidos, particularmente neste momento de alternância de poder”, afirmou.
Obama admite conversar com Chávez
Embora durante a campanha eleitoral o presidente eleito Barack Obama tenha considerado Chávez um “adversário” dos Estados Unidos, também admitiu a possibilidade de sentar-se à mesa com o venezuelano.
Nesta semana, em Caracas, o ex-embaixador em Washington, Bernardo Alvarez, disse que a Venezuela está pronta para conversar, mas com a condição de que Obama apague da política externa norte-americana o conceito de Bush, de que o mundo se divide entre “amigos e adversários”. “É uma divisão simplista. Por que os países têm de ser amigos? O que temos de fazer é sentar à mesma mesa e conversar”, disse Alvarez.
Segundo um comunicado da Citgo, a partir de 19 de janeiro, os americanos pobres que precisem de ajuda deverão telefonar para um número de telefone gratuito e inscrever-se para receber 100 galões de petróleo. O brent será entregue pelos distribuidores regionais da empresa, depois que os beneficiados receberem uma carta aprovando a entrega.
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