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Apesar de serem cada vez menos numerosos, os pinochetistas não deixam de criar polêmica toda vez que se manifestam. Desde 2012, o representante político desse setor tem sido a Corporação 11 de Setembro, organização criada para “defender o legado do governo das Forças Armadas e dos Carabineros (polícia militarizada chilena), que salvou o país do marxismo”, segundo seus fundadores.
No ano passado, a Corporação 11 de Setembro causou polêmica no Chile, ao lançar um documentário para homenagear Pinochet (veja abaixo) e por tentar relançar o partido ultranacionalista Avançada Nacional.
Nesta quarta-feira (4/11), a corporação divulgou uma carta aberta ao país, na qual conta, de forma épica, sua versão da história, abordando desde a crise de abastecimento no governo de Salvador Allende até o plebiscito que levou o Chile a retomar a democracia. Entre outras coisas, o texto ironiza o “arco-íris”, símbolo do “Não a Pinochet”naquela votação, e defende os militares que foram condenados por crimes contra os direitos humanos, dizendo que foram injustiçados “por um povo sem memória”..
Leia aqui, na íntegra, a carta aberta da Corporação 11 de Setembro:
“Há muitos anos, havia um longo e largo país que vivia com medo, com fome e cansado de se humilhar dia após dia para obter um pedaço de carne ou de pão, que deveria ser o nosso de cada dia.
As mães madrugavam e faziam enormes filas, arriscando suas vidas para conseguir um pouco de leite, açúcar ou algum alimento para seus filhos. Era um povo que caminhava e caminhava porque haviam desaparecido os meios de locomoção coletiva, devido à falta de combustível.
Pouco a pouco, o país foi ficando paralisado; os colégios, o transporte, as empresas produtivas, os campos… e muitas pessoas começaram a abandonar suas casas e terras, para buscar outros lugares onde tivessem uma vida digna para suas famílias.
Durante a noite, se escutava o ruído das panelas vazias, que seus habitantes golpeavam sem parar. Se escutavam bombas, cada vez mais frequentes, e pouco a pouco começou uma guerra entre seus habitantes atemorizados, cansados e frustrados, que sofriam com impotência os abusos do seu governante, que se rodeava de uma milícia guerrilheira e estrangeira, com a qual pensava em submeter todos aqueles que tentassem resistir aos seus pensamentos políticos.
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O governante rasgou a constituição do país de tal maneira que os parlamentares solicitavam auxílio, da mesma forma que todo o povo daquele país.
Até que um dia, surgiram quatro valentes soldados (aqui, o texto dos pinochetistas faz referência aos quatro membros originais da Junta Militar de governo: os generais Augusto Pinochet – comandante-chefe do Exército -, José Toribio Merino – comandante-chefe da Marinha- , Gustavo Leigh – comandante-chefe da Aeronáutica – e Cesar Mendoza – comandante-chefe dos Carabineros, polícia militarizada. Veja foto abaixo), de brilhante armadura, que lideraram seus heroicos homens na missão de resgatar aquele país que vivia apagado e triste.
Foi em uma manhã de setembro, quando finalmente venceram os bons, e o cruel governante, diante da derrota, decidiu por fim à sua vida, abandonando assim, e para sempre, todos aqueles que lhe foram fiéis até o último dos seus equívocos.
Reprodução
Da direita para esquerda: Mendoza, Merino, Pinochet e Leigh – os “quatro valentes soldados”, segundo os pinochetistas
Logo chegou a primavera ao país, o povo se encheu de aromas de liberdade e as pessoas saíram às ruas, para poder obter seus alimentos, acender as luzes e as crianças voltaram aos seus colégios. Os campos e as indústrias começaram a produzir e o país se encheu de cores e de tranquilidade.
Os habitantes do longo e largo país caminharam tranquilos pelas ruas e foram livres para estudar e trabalhar. O país cresceu e passou a ser respeitado por outros países. Seus habitantes conviveram em paz, até que uma malvada bruxa lhes mostrou um arco-íris… e caíram em sua armadilha. A maligna se apoderou de suas almas, de sua dignidade, de suas esperanças, de seu entendimento, de seus valores pátrios, de seus espíritos.
O povo, já sem memória, se voltou contra seus soldados, os levou a presídios e os condenou por terem libertado o país de tanto horror.
E a bruxa vermelha se apoderou do povo, de sua segurança, de sua tranquilidade, de sua memória e seu destino… mas neste largo e longo país, ainda restam pessoas que amam seus valores pátrios e respeitam seus soldados. E, sobretudo, agradece a eles pela heroica façanha libertadora, que salvou o país do marxismo, naquele 11 de setembro de 1973.
QUANDO A PÁTRIA ESTÁ EM PERIGO, ELES CLAMAM POR DEUS E PELOS SOLDADOS. QUANDO O PERIGO PASSA, DEUS É ESQUECIDO E O SOLDADO, REPUDIADO.”