A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apresentou nesta terça-feira (23/08) uma série de depoimentos e provas, publicados na imprensa, sobre “falsidades e contradições” no julgamento contra ela pelo caso conhecido como “Vialidad”. Em transmissão ao vivo no Twitter, Kirchner falou em uma extensa campanha política e midiática.
“O Lawfare tem um nível mais alto – nós argentinos sempre fomos um pouco mais longe. Quando vivemos a tragédia da ditadura genocida, foi a mais sangrenta de todas”, disse Kirchner, acrescentando ainda que na América Latina, quando não há partidos militares, há partido judiciário, e que “eles vão um passo além”.
“Aqui não se trata de estigmatizar ou confundir governos populares com associações ilícitas, agora protegem quem realmente rouba no país”, ressaltou.
O Ministério Público pediu que ela cumpra 12 anos de prisão e seja impedida de exercer cargos públicos para o resto da vida. Cristina e seu marido, Néstor Kirchner, ex-presidente da Argentina que faleceu em 2010, são acusados de favorecer o empresário Lázaro Báez em obras públicas entre 2003 e 2015.
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Apoiadores se reuniram em frente de Kirchner
O julgamento do caso “Vialidad” começou em 2019, e foi suspenso devido à pandemia em 2020. O inquérito agora está na etapa final. Além de Cristina, mais 11 pessoas são réus no processo.
Ela afirmou que os promotores não lhe concederam o direito de defesa e que, quando não encontraram fundamento para suas acusações, recorreram a acusações feitas em outros julgamentos e as apresentaram na última audiência.
De acordo com Kirchner, o caso começou com uma construção fictícia de pagamentos superfaturados por obras não realizadas, corrupção e outros elementos que compunham uma fraude monumental.
Dentro do extenso dossiê que apresentou sobre as anomalias do processo, destacam-se questões relacionadas a empresários, políticos e outros atores próximos ao ex-presidente Mauricio Macri.
Em resposta à sentença do MP argentino, apoiadores de Cristina se reuniram à frente de sua residência em Buenos Aires, no bairro Recoleta, na noite da segunda-feira (22/08), para manifestar apoio à vice.