Uma semana após o voto do Brasil a favor da resolução favorável à Ucrânia na sessão extraordinária da Assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 23 de fevereiro, o vice-chanceler da Rússia, Sergei Ryabkov, fez declarações sobre a reação do seu país a respeito daquela postura brasileira.
O diplomata disse “lamentar” a posição do Brasil a favor do texto apresentado pela Alemanha, considerado pelo Kremlin como um “documento infestado por um forte discurso antirrusso”.
“O voto mostra que foram feitas considerações outras que não aquelas sóbrias e uma profunda avaliação sobre o que ocorre e o que precedeu essa situação atual (…) Se o Brasil fosse capaz de apreciar de forma completa a lógica intrincada desse caso trágico e desafiador, então acho que o Brasil votaria numa forma que pelo menos seria de abstenção”, analisou Ryabkov em resposta a uma pergunta feita pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, durante uma coletiva em Genebra.
Sobre a criação de um grupo para a negociação da paz entre Moscou e Kiev, Ryabkov disse que “na conversa entre Mauro Vieira e Lavrov, nesta semana, não houve uma oferta específica por parte dos brasileiros por uma mediação”.
O representante do Kremlin rechaçou uma possível mediação brasileira sobre o conflito. “Não há necessidade de mediação [para a negociação de paz entre Rússia e Ucrânia]”, assegurou.
TASS
Sergei Ryabkov disse que ‘não houve uma oferta específica do Brasil’ para mediar negociações de paz com a Ucrânia
“Houve uma tentativa de negociar, mas a delegação ucraniana abandonou o processo depois da insistência dos Estados Unidos e de outros [para que não se chegasse a um acordo]. Foi a escolha deles, não somos nós que bloqueamos as conversas”.
No entanto, o funcionário russo afirma que “respeita” a tentativa do governo brasileiro em se posicionar como um país que busca ser um mediador confiável para uma possível negociação de paz entre Rússia e Ucrânia.
O diplomata também lembrou que os chanceleres do Brasil e da Rússia [Mauro Vieira e Sergei Lavrov, respectivamente] se reuniram na Índia nesta quarta-feira (01/03) e “falaram sobre diversos assuntos que nos aproximam, e não nos afastam”.
“Damos as boas vindas e respeitamos completamente a vontade política que foi demonstrada pela liderança brasileira e pelo presidente brasileiro, que quer verdadeiramente encontrar uma forma de colocar um fim a essa situação e desenvolver conceitos e ideias que possam facilitar esse processo”, frisou.