O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, afirmou nesta segunda-feira (25/02) que o governo norte-americano irá impor novas sanções econômicas contra políticos e militares venezuelanos, com o objetivo de “aumentar a pressão internacional” para derrubar o presidente Nicolás Maduro. O governo da Venezuela ainda não se pronunciou sobre as medidas.

“Como o mundo assistiu, o tirano em Caracas [Maduro] dançou enquanto seus seguidores assassinaram civis e queimaram caminhões de comida e medicamentos destinados ao povo venezuelano”, disse Pence, após se reunir com o presidente da Colômbia, Iván Duque, e o deputado de direita venezuelano, Juan Guaidó, autoproclamado presidente da Venezuela.

Em pronunciamento durante reunião do Grupo de Lima em Bogotá, o vice-presidente norte-americano também anunciou sanções contra três governadores de Estados fronteiriços do país que, segundo Pence, foram responsáveis pelos episódios violentos neste fim de semana, quando caminhões com suposta ajuda humanitária tentaram ingressar ilegalmente em território venezuelano.

Segundo a Casa Branca,  Omar Jose Prieto, governador do Estado de Zulia, e Ramon Rengifo, governador do Estado de Apure, que fazem fronteira com a Colômbia, sofrerão sanções econômicas. Também Jorge Garcia Carneiro, governador do Estado de Vargas, e Rafael Alejandro Evangelista, governador do Estado de Carabobo, onde ficam os dois maiores portos do país, terão bens e transações financeiras nos EUA bloqueados.

“Esses homens trabalharam para bloquear ajuda para o povo necessitado e suprimir protestos pacíficos – e suas ações não ficaram impunes”, disse Pence, que ainda anunciou o repasse de 56 milhões de dólares para países latino-americanos aliados dos EUA na derrubada de Maduro.

O vice-presidente também prometeu que, “nos próximos dias, os Estados Unidos irão anunciar sanções ainda mais duras contra as redes de financiamento corruptas desse regime. Nós iremos descobrir cada dólar que eles roubaram e devolveremos esse dinheiro ao povo venezuelano”.

Pence ainda afirmou que a estratégia do governo norte-americano é continuar a “pressão econômica e diplomática sobre Maduro”, e que os EUA esperam “uma transição pacífica para a democracia, mas o presidente Trump deixou claro que todas as opções estão na mesa”.

Militares

Se dirigindo às Forças Armadas da Venezuela, Pence disse que é “chegada a hora”  de compreender a legitimidade de Guaidó como presidente interino e aceitar a oferta de anistia.

O vice-presidente ainda ameaçou oficiais venezuelanos que não desertarem, dizendo que as consequências serão graves e o isolacionismo é certo.

“Vocês podem escolher aceitar a oferta de Guaidó de anistia, mas se vocês escolherem continuar a apoiar Maduro, vocês serão responsabilizados. Vocês não vão encontrar nenhuma saída fácil, nenhuma escapatória”, disse.

Pence negou que os Estados Unidos ou Guaidó adotem medidas com caráter de vingança. “O presidente Guaidó não busca a vingança, os Estados Unidos, também não. Se vocês [militares venezuelanos] assumirem a bandeira da democracia, o presidente Guaidó e os governo dos Estados Unidos vão acolher e garantir que serão liberados das sanções impostas.”

Ajuda humanitária

Neste sábado (23/02), a oposição venezuelana com apoio de Brasil, EUA e Colômbia, tentou fazer entrar uma suposta “ajuda humanitária” na Venezuela. Caracas afirma que nenhum veículo chegou a entrar em território venezuelano e que os opositores fizeram operações de “falso positivo”, queimando caminhões que conteriam esta suposta ajuda.

A tensão política na Venezuela aumentou desde que, em 23 de janeiro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e líder da oposição, se autoproclamou presidente interino do país.

Os EUA e vários países da Europa e América Latina, inclusive o Brasil, reconheceram Guaidó como presidente interino do país. Rússia, China, Cuba, Bolívia, Nicarágua, Turquia, México, Irã e e outros manifestaram seu apoio a Maduro.

Neste sábado, o presidente Nicolás Maduro anunciou o rompimento de relações diplomáticas  e políticas com a Colômbia. “Trinta dias depois, o golpe de Estado fracassou. O derrotamos. Fracassaram. E o que vão fazer agora? Vão seguir jogando o jogo do intervencionismo. Hoje tentaram mais um show. O tempo de Deus é perfeito. Haverá justiça”, disse a apoiadores que se manifestaram em Caracas contra uma possível invasão do país.

*Com Agência Brasil