O xerife Joe Arpaio provocou comoção nacional com as condições de sua prisão-acampamento em Phoenix, onde centenas de imigrantes ilegais ficam detidos em barracas militares antes de ser deportados.
Mas as críticas vão além. O procurador-geral dos Estados Unidos,
Eric Holder, abriu inquérito contra ele em resposta a uma denúncia de quatro importantes congressistas: seus agentes usariam a cor da pele como critério para procurar imigrantes ilegais.
Ele é um dos principais beneficiados pela decisão do ex-presidente George W. Bush de terceirizar a luta contra a imigração ilegal aplicando o chamado programa 287(g), que autorizou as polícias locais a assumir a aplicação de leis federais de imigração.
Já foram assinados 67 acordos com agências locais, embora o Escritório de Tranparência do Governo dos Estados Unidos (GAO, na sigla em inglês) tenha afirmado no início de março que seu objetivo é cercar os imigrantes ilegais que cometem crimes graves. Alguns observadores interpretaram a afirmação como um ataque direto a autoridades locais que lidam com a imigração, como Arpaio.
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O xerife se defende alegando ter detido até 1.800 “coiotes” (contrabandistas de pessoas) no ano passado, mais que qualquer outra autoridade nos EUA. “Não me incomodo, eles querem retirar meu acordo 287(g), deixe que o façam! Ainda tenho duas leis estaduais que estou pondo em prática. Elas me permitirão fazer o que quero”.
Arpaio tampouco parece se importar com as mais de 2.700 ações judiciais contra ele, ou com os milhares de manifestantes que marcharam recentemente pelas ruas do centro de Phoenix, exigiram sua renúncia e o chamaram de Hitler e simpatizante da Ku Klux Klan. Apesar dos gritos, quem passava perto parecia ficar indiferente, e alguns apoiavam abertamente a posição do xerife de rigidez na defesa da lei e da ordem e criticavam o governo federal por não agir contra a imigração ilegal.
Intimidação
Muitos também o acusam de intimidar oponentes, como um repórter local supostamente cercado por vários agentes quando tentava examinar registros públicos sobre o xerife. “Ele chegou a me prender! Ele amedronta as pessoas”, diz Dan Pochoda, diretor da União Americana das Liberdades Civis (ACLU) no Arizona. Ele reconhece, contudo, que a maioria ainda apoia o xerife.
São mais pungentes, no entanto, as muitas reclamações de que a criminalidade aumentou como resultado de seu foco na luta contra a imigração ilegal. Afirma-se que a presença de seus agentes melhora a segurança em algumas áreas pobres, como El Mirage, mas dados do FBI (a polícia federal dos EUA) de 2006 e 2007 mostram o contrário. Eles revelam uma queda de cerca de 2% na criminalidade no Arizona, mas apontam um aumento de 20% no Condado de Maricopa, de Arpaio, no mesmo período.
Arpaio nega essas alegações veementemente e acusa os críticos de usá-lo como “garoto-propaganda” para repelir a legislação contra a imigração ilegal e forçar o Congresso a aprovar uma anistia. “A maioria das pessoas gosta do que estou fazendo, é por isso que sou reeleito. Sirvo as pessoas, não trabalho para nenhum congressista, burocrata ou governo! Sou um xerife eleito. Portanto, nada vai mudar”.
Clique aqui para ver slideshow do centro de detenção.
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