O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, negou nesta sexta-feira (28/01) a iminência de um confronto com a Rússia, criticando a reação criada nos países ocidentais em relação às tensões entre os países fronteiriços.
“Hoje não vemos uma maior escalada do que a que existia antes, apesar do aumento do número de militares”, declarou o mandatário. Ele criticou ainda que a ideia que se cria em alguns países como Reino Unido, Alemanha e França é de que uma guerra pode eclodir “amanhã”.
Para ele, a “percepção da mídia é que temos uma guerra, que andam militares nas ruas. Não é bem assim. Não precisamos desse pânico”, dizendo que as afirmações de uma possível escalada com a Rússia criaram dificuldades nos mercados e no setor financeiro, o que tem um efeito negativo na Ucrânia, devido aos investidores retirarem o dinheiro do país.
“Comecei a falar aos líderes dos países e a explicar a eles que precisamos estabilizar a economia do nosso país”, afirmou.
Ainda nesta sexta, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que Washington “não se importa com o destino da Ucrânia” e que os Estados Unidos começaram a “usar” este país contra a Rússia de “forma tão aberta e cínica que o próprio regime de Kiev se assustou”.
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Para Zelensky, não há uma iminência de confronto com a Rússia: ‘não precisamos de pânico’
Em outra ocasião, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ignoraram as principais preocupações de segurança de Moscou.
No início da semana, os Estados Unidos e a aliança militar responderam às demandas de segurança que haviam sido solicitadas pela Rússia desde dezembro.
“As respostas dos EUA e da Otan não levaram em conta as preocupações fundamentais da Rússia, incluindo impedir a expansão da Otan e se recusar a implantar sistemas de armas de ataque perto das fronteiras da Rússia”, disse Putin a Macron, segundo um comunicado do Kremlin.
Assim como Moscou, autoridades ucranianas afirmaram ao longo da última semana que não veem nenhuma ameaça de ataque por parte do governo russo. Na segunda-feira (24/01), o ministro da Defesa da Ucrânia, Alexei Reznikov, disse que informações do serviço de inteligência indicam que o país vizinho não mobilizou nenhum grupo de assalto que demonstre sua intenção de realizar uma ofensiva de um dia pro outro.
Enquanto isso, Washington insiste em dizer que a ameaça de uma invasão russa permanece. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, declarou na terça-feira (25/01) que Washington observou “ações e preparativos agressivos” para um ataque na fronteira entre os dois países.
Por sua vez, a subsecretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, declarou na quarta-feira (26/01) que Washington vê “todas as indicações” de que a Rússia planeja usar suas Forças Armadas contra a Ucrânia em meados de fevereiro.
(*) Com Ansa, RT e Sputnik News.