Quinta-feira, 19 de junho de 2025
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Em uma sentença publicada no portal do TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro) ontem (20/04), o juiz Ricardo Coronha Pinheiro, que julga o atual processo contra Rafael Braga Vieira, condenou o ex-catador de latas à pena de 11 anos e três meses de reclusão e ao pagamento de R$ 1.687 (mil seiscentos e oitenta e sete reais). 

O magistrado negou, em fevereiro, pedido de diligências da defesa que, se atendido, poderia ter mudado o rumo do caso. O DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos), que atua na defesa de Rafael Braga desde dezembro de 2013, ainda não foi formalmente notificado sobre a decisão do magistrado e afirma que irá recorrer. A sentença condenatória pode ser acessada aqui.

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Em 2007, um jovem de 18 anos que foi preso em Nova Friburgo (RJ) portando 25 g de maconha declarou-se usuário, teve a prisão preventiva decretada por tráfico, mas “foi solto um dia depois, com a ajuda do pai que conhecia uma juíza”, de acordo com matéria publicada pelo G1 em 2015.  No caso de Rafael, os 0,6 g de maconha, 9,3 g de cocaína e um rojão, cujo porte lhe foi atribuído pelos policiais que o prenderam, foram suficientes para que ele fosse condenado por tráfico de drogas e associação para o tráfico, embora Rafael tenha alegado, desde o seu primeiro depoimento, ainda na 22ª Delegacia de Polícia (Penha), que aquele material não lhe pertencia e que os policiais lhe haviam dito que, caso ele não delatasse os traficantes da região onde foi abordado, eles “jogariam arma e droga na conta dele”.

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Único condenado preso no contexto de junho de 2013, Braga estava em regime aberto com uso de tornozeleira quando foi preso por porte de 0,6 g de maconha, 9,3 g de cocaína e um rojão, que lhe foi atribuído pelos policiais que o prenderam

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Negro, pobre e favelado, Rafael Braga vive uma verdadeira saga há exatamente três anos e dez meses. Único condenado preso no contexto das jornadas de junho de 2013, acusado de portar material explosivo quando levava dois frascos plásticos lacrados de produtos de limpeza, Rafael encontrava-se em regime aberto com uso de tornozeleira eletrônica havia pouco mais de um mês quando foi preso novamente, em 12 de janeiro do ano passado. A prisão ocorreu quando ele caminhava da casa de sua mãe para uma padaria na Vila Cruzeiro, favela no bairro Penha, zona norte do Rio, onde vive sua família.

Luiza Sansão/Ponte Jornalismo

Rafael Braga em setembro de 2015 no Escritório de Advocacia João Tancredo, onde trabalhava enquanto estava no regime semiaberto

 

Publicado originalmente no site da Ponte Jornalismo