Eneas de Troya
Homenagem a ciclista morto em cruzamento em Azcapotzalco, México: o pior inimigo dos ciclistas é o ponto cego
Logo após uma primeira experiência com bicicleta, vivendo o estresse e o risco de cruzar Londres, sua cidade natal, Emily Bronke, uma jovem de apenas 27 anos, idealizou um mecanismo que pode salvar milhares de vidas a cada ano, evitando muitos dos acidentes sofridos pelos ciclistas em sua batalha diária contra os automóveis.
Segundo as estatísticas da inventora e de sua empresa Blaze, 79% dos acidentes nos quais os ciclistas se viram envolvidos no Reino Unido aconteceram enquanto as bicicletas avançavam em linha reta.
Esses dados levaram Bronke à conclusão de que o pior inimigo dos ciclistas é ficar em um ponto cego dos motoristas de automóveis antes de um cruzamento. A solução? Emily Bronke pensou: “Se pudéssemos informar aos motoristas a presença do ciclista, transformaríamos o panorama de sua segurança”.
Foi assim que nasceu a ideia do Blaze Laserlight, um pequeno dispositivo instalado no guidão das bicicletas que projeta uma luz de laser verde seis metros adiante do ciclista, permitindo a pedestres e motoristas prever seu caminho e evitar que fiquem em um perigoso ponto cego.
Invenção profissional
A iluminação consiste em um poderoso diodo a laser cuja imagem tem a forma de bicicleta, que pode passar de uma luz estável a pisca-pisca de aviso e outras modalidades que funcionam como avisos para motoristas e pedestres.
A história remonta a 2012, quando Brooke concebeu a ideia e decidiu iniciar um projeto crowdfunding (financiado por internautas) no site Kickstarter, onde, com o apoio dos apaixonados por bicicleta, pôde iniciar a empresa que conseguiu que seu produto fosse vendido nas principais lojas de ciclismo no Reino Unido.
O laser verde do Blaze evita que os ciclistas sejam invisíveis, principalmente em seus passeios noturnos, sinalizando sua presença aos motoristas que se aproximam de forma perigosa.
De acordo com as cifras da inventora do Laserlight, apenas em Londres há meio milhão de viagens em bicicleta a cada ano, com terríveis estatísticas, pois apenas nos primeiros 13 dias de 2014 foram registradas 13 mortes de ciclistas. Para concretizar sua invenção, Brooke trabalhou com ciclistas, profissionais de estatística, organizações, fabricantes de caminhões e psicólogos do volante, com os quais chegou à conclusão e detalhou as especificações de sua invenção.
Vídeo explica como funciona o dispositivo de segurança para bicicletas
As cifras no México
A estatística no México confirma o que aconteceu no Reino Unido e a afirmação feita por Emily Brooke, uma vez que de acordo com a fundadora de Bicitekas [organização de ciclismo urbano na Cidade do México], Areli Carreón, 80% dos acidentes de ciclistas ocorrem também porque o motorista não vê a bicicleta e a atropela, apesar de também atribuir esses acidentes à má infraestrutura urbana e o abuso do espaço público.
Alejandra Real, especialista em segurança urbana do Instituto de Políticas para o Transporte e Desenvolvimento (ITDP), afirmou que também no México 70% das mortes de ciclistas acontecem em cruzamentos, por isso considerou necessário mudar o desenho das vias para obter maior segurança, mobilidade e acessibilidade para a população.
Nos cálculos realizados pelo ITDP, em 2010 foi registrado um primeiro aumento exponencial de ciclistas, de até 20 vezes, justificado pelo início do Ecobici [sistema de compartilhamento de bicicletas] e pela construção das primeiras ciclovias. Para 2011 e 2012, o número de pessoas que optaram pela bicicleta como meio de transporte manteve seu crescimento em mais de 35%.
De acordo com a ONG Transeuntes.org, no México, a cada ano, há 24 mil mortes por acidentes de trânsito, três vezes mais do que os mais de 8 mil mortos registrados anualmente relacionados com o narcotráfico, durante os últimos seis anos. Quarenta por cento dessas mortes são de pedestres, ciclistas ou motociclistas. Segundo relatório da Secretaria de Saúde e da Comissão Nacional para a Prevenção de Acidentes, em 2011 foram registrados 7.453 acidentes envolvendo ciclistas.
Tradução de Mari-Jô Zilveti
*Texto publicado originalmente em Animal Político, informativo digital produzido no México com destaque para informações políticas, além de notícias internacionais.
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