Centenas de milhares de mulheres saíram às ruas neste domingo (08/03) em protestos que marcaram o Dia Internacional da Mulher. Apesar do cancelamento de várias manifestações devido ao surto de coronavírus, as marchas ocorrem em várias cidades do mundo, como Paris, São Paulo, Bangcoc, Istambul e Bogotá.
Em Bangcoc, as manifestantes pediram melhorias na legislação trabalhista e mais diretos. Com um público bem menor do que o do ano passado, os organizadores do evento afirmaram que o temor Covid-19 foi o responsável por afastar as mulheres da marcha.
Centenas de mulheres e homens marcharam em Manila, onde queimaram uma gigantesca efígie do presidente filipino, Rodrigo Duterte, a quem acusaram de misoginia. “De diferentes formas ou maneiras, as mulheres estão sendo exploradas”, afirmou Arlene Brosas, representante de um grupo defensor durante o comício próximo ao palácio presidencial.
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No Paquistão, mulheres protestaram em várias cidades, apesar de diversas petições apresentadas por grupos conservadores em tribunais para detê-las. As marchas são notáveis no país onde as mulheres não se sentem segura em locais públicos devido ao assédio aberto.
Em Paris, ativistas do Femen se reuniram na Place de la Concorde para denunciar a “pandemia patriarcal”. Ativistas de direitos humanos também condenaram a violência policial ocorrida num protesto feminino na noite de sábado, no qual nove pessoas foram presas. A prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, afirmou estar chocada com a violência “inaceitável e incompreensível” e expressou solidariedade aos manifestantes.
Milhares de mulheres protestaram também em Madri e diversas cidades espanholas. As autoridades do país não impuserem restrições aos eventos, mas pediram que quem apresentasse os sintomas do Covid-19 ficasse em casa.
Em Berlim, cerca de 10 mil mulheres foram às ruas pedir uma divisão igualitária do trabalho doméstico e igualdade de gênero. Vários atos ocorreram na capital alemã, inclusive um protesto de ciclistas.
Reuters/M. Baglietto
Em Buenos Aires, mulheres protestaram pela legalização do aborto
Uma das maiores manifestações ocorreu no Chile, onde 125 mil pessoas invadiram as ruas da capital Santiago. As mulheres pediram igualdade de gênero e o fim da violência. “Eles nos matam, nos estupram e ninguém faz nada”, cantaram. Muitas exigiram ainda uma nova constituição, que reforçasse os direitos das mulheres.
Em Buenos Aires, as mulheres pretendem protestar próximo ao Congresso para pedir a legalização do aborto. O ato ocorre depois de o novo governo anunciar que apoia esse projeto, que já foi derrubado por parlamentares em tentativas anteriores.
Na Cidade do México, mulheres pintaram numa praça o nome de vítimas de feminicídio, crime que mais do que dobrou no país nos últimos cinco anos, e pediram o fim da violência contra a mulher.
Nem mesmo a chuva, impediu a marcha em São Paulo, onde mulheres se reuniram na Avenida Paulista. No ato, elas lembraram a vereadora Marielle Franco, cujo assassinato completa dois anos neste mês, e protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor da democracia.
Protestos no Quirguistão e na Turquia foram reprimidos com violência. Em Istambul, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de mais de 5 mil mulheres que desejam marchar pela rua Istiklal, onde governo proibiu há anos manifestações. Deputadas dos partidos de oposição também participaram do ato.
Nos Camarões, separatistas detonaram uma bomba numa cerimônia de comemoração da data, provocando pânico. Ninguém ficou ferido no ataque.
Eventos do Dia Internacional da Mulher foram cancelados na Itália, Índia e na Coreia do Sul. Num vídeo, o presidente italiano, Sergio Matarella, lamentou a necessidade de evitar grandes aglomerações devido ao coronavírus e agradeceu às mulheres que trabalham em hospitais e na zona de quarentena para combater a propagação da epidemia.