O primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, pediu desculpas oficialmente, em sessão no Parlamento realizada nesta quinta-feira (04/04), em nome do governo, a todos os afetados pelos danos causados pelo sequestro de crianças no Congo, Burundi e Ruanda quando os país do continente africano era colonizado pelos belgas.
“Em nome do governo federal, reconheço a segregação da qual as pessoas foram vítimas (sob o domínio colonial belga na África) e a política subsequente de sequestro forçado (após a independência)”, anunciou o premiê.
Muitas das crianças que foram separadas de seus pais biológicos não foram nacionalizadas belgas e são consideradas apátridas. Michel declarou que o governo irá ajudar com recursos financeiros e abertura de documentos, para que pesquisas sejam feitas e para que o governo auxilie os cidadãos que buscam nacionalidade belga.
Segregação
A Bélgica esteve no Congo (República Democrática do Congo) de 1906 até 1960, quando o país africano conquistou sua independência; e em Ruanda-Urundi até 1962, país que deu origem aos dois países de Ruanda e Burundi.
Em média, 20 mil crianças foram sequestradas no período colonial. Elas eram levadas de seus pais biológicos para a Bélgica, sendo adotadas por pais brancos ou colocadas em orfanatos.
“A distribuição de mestiços no território da Bélgica ocorreu separando irmãos e levou à perda de identidade por causa das diferentes alterações dos nomes e datas de nascimento”, declarou Michel.
A Igreja Católica se manifestou em 2017 pela participação que teve quando o país belga agia contras as famílias africanas. A instituição foi conivente e cúmplice dos atos e pediu desculpas pela participação que teve.
Ao jornal New York Times, o historiador Assumani Budagwa, que foi separado de seus pais no Congo, declarou ser histórico o pedido do primeiro-ministro.
“Os povos raramente e com grande dificuldade reconhecem seus erros e sua responsabilidade em crimes históricos”, declarou Budagwa.
Wikicommons
‘Em nome do governo federal, reconheço a segregação da qual as pessoas foram vítimas’, disse o premiê