O presidente do grupo Samsung Eletronics, Lee Sang-hoon, foi
indiciado pela Justiça sul-coreana, sob a acusação de por ter impedido, durante
anos, a criação de um sindicato dentro da empresa. A decisão foi anunciada na
semana passada e é considerada como uma revolução no país, onde as autoridades,
durante muito tempo, apoiaram essa política.
Lee, presidente do grupo, é acusado de ter utilizado todos
os meios para impedir seus funcionários de se sindicalizarem: ameaças de
demissão, diminuição dos salários e ruptura de contratos com fornecedores
considerados coniventes com os sindicatos. Funcionários do Ministério do
Trabalho e da polícia também foram alvos de acusações.
A Promotoria descreve os envolvidos como integrantes
do “crime organizado que mobilizou a empresa”. A investigação do caso
demorou cinco meses e foi possível graças à descoberta de documentos que
integram um outro processo, envolvendo o ex-presidente coreano Lee Myung-bak.
Oposição aos
sindicatos
A Samsung Eletronics impediu durante muito tempo a criação
de sindicatos entre suas filiais. Desde sua criação, em 1938, a empresa nunca
escondeu sua oposição aos sindicatos, criadores de “conflitos inúteis”. Samsung
chegou até mesmo a ser acusada de sequestrar vários sindicalistas para
intimidá-los. Das 60 empresas do grupo, apenas 9 têm um sindicato. Na Coreia do
Sul, dos 200 mil empregados, apenas 300 são sindicalizados, contra 74% dos
funcionários da Hyundai, um outro conglomerado do país.
Tal política tem consequências: nas fábricas, em razão do
uso de produtos químicos nocivos e diante da ausência de proteção adequada,
mais de uma centena de funcionários da Samsung foram vítimas de leucemia e
câncer. As famílias precisaram lutar na Justiça durante mais de dez anos para
que a empresa pedisse desculpas e pagasse as indenizações.
Movimento sindical
perde força
Historicamente, os sindicatos são influentes na Coreia do
Sul, principalmente nos setores automobilístico e da construção naval. Os
sindicatos também tiveram um papel importante na luta contra as ditaduras militares
nos anos 70 e 80. Hoje em dia, entretanto, apenas 10% dos assalariados
sul-coreanos são sindicalizados. A política antissindical da Samsung sempre foi
ilegal, mas as autoridades fechavam os olhos.
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