Especialistas das Nações Unidas estão entre parceiros que ajudam Moçambique a avaliar as necessidades para a reconstrução de áreas afetadas pelo ciclone Idai, que passou pelo centro do país em meados de março.
Mais de US$ 3 bilhões são necessários para a recuperação das áreas afetadas pela primeira das duas tempestades que passaram pelo território moçambicano este ano, disse à ONU News o embaixador de Moçambique junto às Nações Unidas, António Gumende.
Apoio
“Há a conferência de doadores que se projeta para finais do mês, faz parte desse grande esforço. Não é fácil em tão pouco tempo fazer o levantamento das necessidades e, para isso, podemos contar com especialistas colocados pelo sistema das Nações Unidas e outros parceiros para nos ajudarem neste processo. E a ação do governo, que criou um gabinete específico para se responsabilizar por este processo. Portanto, isso mostra que o governo está a pôr, digamos assim, os pilares necessários para podermos avançar para esta fase importante que é o início da reconstrução.”
Após um encontro realizado esta quarta-feira (15/05) na sede das Nações Unidas, o representante agradeceu o apoio internacional, mas destacou que esta ajuda deve continuar até que a situação do país se estabilize.
“Obviamente que os desafios se mantêm, é importante que continuemos a trabalhar em conjunto. Aqueles que tiverem possibilidades de participar nas próximas etapas, em particular na etapa de reconstrução, obviamente que o poderão fazer, mas há muitas formas de continuar a apoiar, incluindo a continuação da mobilização de recursos, por outras vias, quer da sociedade civil, quer do setor privado, quer de outros atores que possam ter um papel a jogar nesta etapa que é crucial para voltar, de certa forma, a pôr a economia das regiões afetadas sobre os carris.”
António Gumende destacou ainda que a revitalização da economia e das infraestruturas precisa de várias iniciativas com apoio de doadores. Entre essas áreas estão reconstrução, estimulo à economia e ao desenvolvimento.
Campos
A passagem do ciclone Idai causou danos em mais de 90% da área da segunda maior cidade moçambicana. As inundações devastaram mais de 800 hectares, que correspondem a cerca de 13% das plantações nos campos agrícolas.
“Eu penso que esta conferência que está sendo preparada para finais do mês é um momento crucial, porque vai permitir, de certa forma, avaliar de forma objetiva o momento com que recursos podemos contar de imediato. É claro que o processo de reconstrução vai ser um processo de longo prazo, um processo que vai ser de um a dois anos. Portanto vai ser um processo contínuo, fala-se de cerca de que excede 3 bilhões de dólares. Esse valor a ser mobilizado obviamente que não será de uma aplicação imediata, somente para Moçambique, portanto vai ser um processo que vai levar o seu tempo e esperamos poder continuar, portanto, a contar com o apoio e a solidariedade da comunidade internacional com tem sido até agora.”
O ciclone Idai também afetou o sul do Maláui e o leste do Zimbábue, países que fizeram parte do evento promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, e o Escritório para Assuntos Humanitários, Ocha.
O norte de Moçambique também foi afetado pelo ciclone Kenneth que causou quantidades significativas de chuvas acima da média e levaram a inundações generalizadas e sem precedentes.
EU Civil Protection and Humanitarian Aid Operations/ Flickr
Mais de US$ 3 bilhões são necessários para a recuperação das áreas afetadas após primeiro ciclone em Moçambique.