A delegação especial da Organização das Nações Unidas (ONU) enviada à Síria para ajudar na assistência social aos sobreviventes da série de terremotos iniciada no dia 6 de fevereiro apresentou um primeiro balanço dos trabalhos realizados na primeira semana desde sua chegada ao país.
A líder da delegação, Najat Rochdi, ofereceu uma coletiva de imprensa na qual apresentou algumas observações realizadas durante os trabalhos dos representantes da ONU. Entre elas está a estimativa de que cerca de 8,8 milhões de pessoas estão sofrendo atualmente com as consequências da série de sismos ocorridos durante as duas últimas semanas.
At least 8.8m people in #Syria have been affected by the earthquake; w/majority anticipated to need some form of humanitarian assistance. The @UN is fully committed to doing more to help all Syrians. @UNEnvoySyria
— Najat Rochdi (@rochdi_najat) February 19, 2023
Essa estatística inclui principalmente sobreviventes que terminaram feridos de forma leve ou grave e famílias que perderam suas moradias, destruídas pelos movimentos telúricos.
Também se calcula que os terremotos destruíram pouco mais de nove mil casas e edifícios sírios – número que é ainda maior na Turquia, onde se registra mais de 105 mil moradias derrubadas.
Hameed Maarouf /ACNUR
Voluntários descarregam caminhão que levam caixas com ajuda humanitária da ONU à Síria
O drama no caso da Síria é que a reconstrução dessas edificações tende a ser um processo muito mais lento, já que o país ainda vive os resquícios de uma guerra que já dura mais de uma década – que parece estar em seu momento menos conturbado, mas que ainda não chegou a um cessar fogo definitivo.
Por essa razão, a cifra de pessoas afetadas também inclui pessoas que não necessariamente ficaram feridas ou perderam suas casas, mas que tomaram a decisão de migrar devido ao medo de que sua moradia não suporte os próximos sismos – o país continua registrando novos movimentos telúricos em uma média de um a cada 20 minutos, alguns com mais de 5 graus de magnitude –, ou ao medo de que o governo não seja capaz de prestar assistência necessária em termos de abastecimento.
Crisis after crisis – the Syrian people have suffered. 12 long years of conflict. 12 million lives uprooted. And now a catastrophic earthquake. Millions impacted – lives lost, homes destroyed, more displaced. Stand with the people of Syria & Türkiye in this tragic time of need. pic.twitter.com/dhwnIdFD5l
— UNHCR, the UN Refugee Agency (@Refugees) February 20, 2023
“São milhões de pessoas na Síria que vão precisar de algum tipo de ajuda humanitária, seja por abrigo, alimentação, segurança, assistência médica, e em muitos casos são dois ou três fatores desses juntos. A ONU está absolutamente empenhada em ajudar todos os sírios” assegurou Rodchi na coletiva.
Por outro lado, o Coordenador de Socorro de Emergência da ONU, Martin Griffiths, reconheceu que a ONU vem prestando uma ajuda insuficiente às vítimas sírias do terremoto, devido a “entraves burocráticos e problemas logísticos como a falta de uma infraestrutura rodoviária eficaz, que nós não previmos, mas que deveríamos ter considerado, após anos de guerra vividos pelo país. Estamos corrigindo esses problemas”.