Um tiro de bala de borracha disparado por policiais deixou cego manifestante que foi às ruas da capital argentina, Buenos Aires na última quarta-feira (10/04) exigir o fim do sucateamento das cozinhas populares, chamados de “comedores”. A denúncia foi feita pela entidade de defesa dos direitos humanos Associação Contra a Violência Institucional (ACVI).
A ACVI acompanha o caso e afirma que as forças de segurança argentinas “estão usando este tipo de armamento, violando todo o tipo de protocolos e regulamentos internacionais, atacando a integridade das pessoas que tentam manifestar-se”.
O jovem ferido seria integrante da União de Trabalhadores e Trabalhadoras da Economia Popular, sindicato que representa trabalhadores informais. Dezenas de manifestantes ficaram feridos devido à violência policial.
“Recebemos a notícia no fim de semana. Esta é uma prática comum que se popularizou no Chile, onde as forças de segurança utilizam armas menos letais para atingir o rosto”, explicou Matías Busso, advogado e representante da ACVI, ao site El Grito del Sur.
Ele disse que vai entrar na Justiça pelo ocorrido contra a ministra de Segurança Nacional, Patricia Bullrich, e de seu homólogo da cidade de Buenos Aires, Waldo Wolff.
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Protocolo autoritário
No protesto do dia 10, forças policiais, tanto federais como da cidade de Buenos Aires, lançaram bombas de gás lacrimogênio e dispararam balas de borracha e canhões d’água contra os participantes do ato na Avenida 9 de Julio, região central de Buenos Aires.
Há relatos de que vários manifestantes foram alvejados no rosto. O argumento das forças de segurança para a violência, que, segundo a imprensa local, durou cerca de 20 minutos, foi que os manifestantes violaram o protocolo antipiquetes. O conjunto de regras repressivas foi anunciado pelo governo de Javier Milei poucos dias depois de tomar posse, em dezembro.
O protocolo proíbe o bloqueio de ruas e demais vias públicas no país por manifestações e protestos políticos. Mas no ato, a grande participação popular fez com que o ato tomasse parte da Av. 9 de Julio, até fechá-la totalmente. Isso deu início à repressão, ordenada pelo Ministério da Segurança, conduzido por Bullrich.
O protesto foi contra a política de Milei que sucateou os comedores. Cerca de 40 mil destas cozinhas comunitárias deixaram de receber alimentos do governo federal, e passaram a depender de apoios municipais e estaduais, além de doações.
A medida de Milei ocorre em um momento em que há um aumento do número de pessoas que recorrem aos comedores. Atualmente, cerca de 57% da população que se encontra atualmente abaixo da linha da pobreza, pior índice desde a grande crise de 2002.