O navegador português Afonso de Albuquerque, no comando de uma pequena frota composta por 300 homens derrota Ismail Adil Shah e seus aliados otomanos, tomando a pequena região de Goa, no território das Índias, em 10 de dezembro de 1510. Estima-se que 6 mil dos 9 mil defensores muçulmanos da cidade morreram, quer na violenta batalha nas ruas ou afogados enquanto tentavam escapar. Apesar de ataques constantes, Goa tornou-se o centro da presença portuguesa na região.
Goa, a partir de 1510, foi a capital do Estado Português da Índia, tendo sido integrada à Índia após ser tomada pelo exército indiano em 1961, derrotando as exíguas forças militares portuguesas.
Goa é atualmente um estado da Índia. Situa-se na costa do Mar da Arábia, a cerca de 400 km a sul de Mumbai. É o menor dos estados indianos em território e quarto menor em população, mas o mais rico em PIB per capita. A língua oficial é o concani, porém ainda existem pessoas que falam português, devido à presença de Portugal na região por mais de 400 anos.
Por volta de 1775 a. C., os fenícios estabeleceram-se em Goa. No período védico tardio (1000-500 a.C.) é chamada, em sânscrito de Gomantak, que significa “terra semelhante ao paraíso, fértil e com águas boas”. Era chamada de Sindabur pelos árabes e turcos. Por volta do século X, prosperou pelo comércio com os árabes. Em 1347, caiu sob domínio islâmico.
Goa foi cobiçada por ser o melhor porto comercial da região do Industão já entre os anos 530 a 550. A primeira investida portuguesa deu-se em 1510, de 4 de março a 20 de maio. Numa segunda expedição, em 25 de novembro, Afonso de Albuquerque, auxiliado pelo corsário hindu Timoja, tomou Goa aos árabes. Nesse período (1512-1515) um cronista português descreveu a cidade:
“[Goa] é habitada de mouros honrados, muitos deles estrangeiros de muitas partidas. Eram homens brancos, entre os quais, além de muito ricos mercadores que aí havia, eram outros lavradores. A terra por ser muito bom porto, era de grade trato, onde vinham muitas naus de Meca e de Adem, Ormuz, Cambaia e Malabar (…). É a cidade mui grande, de boas casas, bem cercada de fortes muros, torres e cubelos; ao redor dela muitas hortas e pomares, com muitas formosas árvores e tanques de boa água com mesquitas e casas de oração de gentios. A terra é toda arredor muito aproveitada (…). Do reino de Ormuz vem aqui cada ano muitas naus carregadas de cavalos, (…) e, todos, uns e outros, ganham nisso muito e assim el-rei nosso senhor, que de cada cavalo tem quarenta cruzados de direitos.” (Duarte Barbosa. Lisboa: Ed. Augusto Reis Machado, 1946. p. 89-91).
Com a derrota dos muçulmanos em 1553, um quinto das terras estava sob domínio português, recebendo o nome de “Velhas Conquistas”. Os governadores portugueses pretendiam que Goa fosse uma extensão de Lisboa no Oriente e para tal criaram algumas instituições e construíram-se várias igrejas para expandir o cristianismo e fortificações para a defender de ataques externos.
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Ocupação durou até o século XX, quando Salazar recusou-se a negociar com tropas indianas
A partir de meados do século XVIII, verifica-se um alargamento dos territórios de Goa, que passam a integrar as “Novas Conquistas”. Apesar de, com a chegada da Inquisição (1560-1812), muitos dos residentes locais terem sido convertidos violentamente ao cristianismo e ameaçados com castigos ou confisco de terra, títulos ou propriedades, a maior parte das conversões foram voluntárias e muitos dos missionários que aí pregaram alcançaram fama como São Francisco Xavier, que ficou conhecido como o “Apóstolo das Índias”.
A decadência do porto no século XVII foi consequência das derrotas militares dos portugueses para a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Houve dois curtos períodos de dominação britânica (1797-1798 e 1802-1813) e poucas ameaças externas após este período.
Durante o domínio britânico na Índia, muitos habitantes de Goa emigraram para Mumbai, Calcutá e outras cidades. O isolamento de Goa diminuiu com a construção das vias férreas a partir de 1881, mas a emigração em busca de melhores oportunidades económicas aumentou. Em 1842 foi fundada a Escola Médico-Cirúrgica que formou médicos que viriam a exercer em todo o Império Português.
No contexto da descolonização, após os ingleses terem deixado a Índia (1947) e os franceses, Pondicherry, o governo de Antônio Salazar recusou-se a negociar com a Índia. De 18 para 19 de dezembro de 1961, uma força indiana de 40 mil soldados conquistou Goa, encontrando pouca resistência. À época, o Conselho de Segurança das Nações Unidas apresentou uma resolução que condenava a invasão, o que foi vetado pela União Soviética. Portugal reconheceu a ação da Índia somente após a Revolução dos Cravos em 1974.
Goa destacou-se por ter sido sede de duas ações portuguesas no Oriente: a religiosa e a educacional. Foi considerada a “Roma do Oriente”, erigida em Sé Metropolitana. No que tange à ação educacional, foram erguidas inúmeras escolas e liceus, uma escola médica e institutos profissionais e técnicos. Vultos das letras portuguesas como o poeta Luis Vaz de Camões (Os Lusíadas), Garcia de Orta (Colóquio dos Simples) e Manuel Barbosa du Bocage ali redigiram parte das suas obras.
Também nesta data:
1198 – Morre filósofo árabe Averróes, mestre na filosofia aristotélica
1898 – É assinado o Tratado de Paris, que põe fim à guerra hispano-americana
1901 – Primeiros prêmios Nobel são entregues na Suécia
1948 – ONU adota a Declaração Universal dos Direitos Humanos
1987 – Morre um dos maiores violinistas do mundo, Jascha Heifetz
1992 – É anunciada oficialmente a separação dos príncipes Charles e Diana