Numa dramática confirmação da crescente ruptura entre as duas mais poderosas nações comunistas do mundo, tropas da União Soviética e da República Popular da China abriram fogo umas contra as outras em 2 de março de 1969 no posto fronteiriço sobre o rio Ussuri, na região oriental da União Soviética, ao norte de Vladivostok.
Nos anos que se seguiram ao incidente, os Estados Unidos valeram-se deste cisma sino-soviético para tirar vantagens em sua diplomacia da Guerra Fria.
O motivo da troca de tiros entre chineses e soviéticos se prendia a uma questão de disputa de fronteira. Os soviéticos acusavam os soldados chineses de terem cruzado a fronteira entre as duas nações e atacado um posto avançado soviético matando e ferindo um certo número de guardas russos.
Os invasores foram então obrigados a recuar com pesadas baixas. Os relatos chineses indicaram que foram os soviéticos que atravessaram a fronteira e foram repelidos.
De qualquer maneira, era a primeira vez que cada um dos lados admitia abertamente um choque armado ao longo da fronteira, embora houvesse rumores de que havia anos que semelhantes confrontações estavam ocorrendo. Desde o começo dos anos 1960, as relações entre as duas superpotências comunistas vinham se deteriorando.
A China acusava a liderança soviética de se desviar da senda correta do marxismo e já em meados dessa década os líderes chineses afirmavam abertamente que os EUA e a União Soviética estavam conspirando contra a Revolução Chinesa.
Aproximação
Para os EUA, a deterioração das relações entre a União Soviética e a China apresentava-se como uma boa oportunidade diplomática. No início dos anos 1970, os EUA começaram a sondar os primeiros contatos com a China.
As relações entre esses dois países haviam sido cortadas em 1949 na sequência do sucesso da revolução comunista na China.
Em 1972, o presidente Richard Nixon surpreendeu o mundo ao anunciar que iria visitar a China. O estímulo mais forte para essa cordialidade em relação à China era o desejo dos EUA de valer-se desse novo relacionamento como alavanca em sua diplomacia com a União Soviética, tornando os russos mais maleáveis em questões como o controle de armas, inclusive as nucleares e seu apoio ao Vietnã do Norte na Guerra do Vietnã em curso.
Jogar esses dois gigantes comunistas um contra o outro se tornou o principal pilar da diplomacia de Washington naquele momento da Guerra Fria.