Em visita à Crimeia, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, anunciou nesta segunda-feira (31/03) planos de transformar a península recém-anexada em uma zona econômica especial. O chefe de governo presidiu uma reunião em Simferopol com o gabinete de ministros com o intuito de analisar o desenvolvimento socioeconômico da região e do porto de Sebastopol, apresentando propostas para estimular a economia local.
Efe
Primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev visita a capital da península, Simferopol, com proposta de pacotes econômicos
“Nosso objetivo é tornar a península atraente para possíveis investidores, para que ela possa gerar renda suficiente para o próprio desenvolvimento dela”, declarou Medvedev, em reunião transmitida pela TV. Ele acrescentou que a criação de uma zona econômica especial “permitirá o uso de regimes tributários e alfandegários especiais, além de minimizar os procedimentos administrativos”.
O premiê russo também apresentou propostas para facilitar o acesso aos recursos energéticos da península à Rússia, sugerindo melhorias nas estradas, ferrovias e aeroportos. Além disso, Medvedev afirmou ter “perspectivas colossais” para o turismo na Crimeia. Na última semana, o ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, anunciou que a Rússia vai tirar de sua reserva orçamentária cerca de 243 bilhões de rublos (US$ 6,82 milhões) para investir na península em 2014, segundo a Reuters.
Leia mais: Ex-premiê da Ucrânia diz que concorrerá à presidência
Paralelamente, o governo ucraniano manifestou nesta segunda seu “protesto categórico” à visita de Medvedev. Em entrevista coletiva em Kiev, Yevgueni Perebiynis, porta-voz da chancelaria, declarou que “a presença de um representante de um Estado estrangeiro no território da Ucrânia sem o consentimento da parte ucraniana é uma violação das regras que marcam as relações internacionais”.
NULL
NULL
Após um encontro de quatro horas no domingo (30/03) em Paris com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, o chanceler russo, Sergei Lavrov, declarou hoje que os EUA e a Rússia não chegaram a um consenso em relação à Ucrânia, mas mantiveram a intenção de prosseguir com o diálogo e alcançar um “acordo diplomático”.
Na reunião de domingo, Kerry ressaltou a importância da retirada dos soldados russos da fronteira com a Ucrânia, afirmando que a presença deles criava uma “atmosfera de medo e intimidação”. Nesta segunda, a Rússia aprovou “retirar progressivamente” suas tropas posicionadas na fronteira com a Ucrânia, disse à AFP um porta-voz do ministério ucraniano da Defesa.
Leia mais: Rússia é um país inimigo para 7 em cada 10 norte-americanos
A atitude das tropas fez com que as autoridades da Ucrânia temessem uma invasão do leste do país para anexar as regiões orientais de fala russa, depois que Moscou anexou recentemente a península ucraniana da Crimeia. De acordo com Kiev, na semana passada havia cerca de 100 mil soldados russos equipados com plataformas de lançamento de mísseis, aviões e helicópteros na fronteira entre os dois países à espera de receber as ordens do presidente russo, Vladimir Putin. No entanto, Lavrov já havia negado no sábado (29/03) que Moscou tivesse planos de invadir o território ucraniano.