A administração da Universidade de Buenos Aires (UBA), maior instituição pública de ensino superior da Argentina, anunciou que entrou em estado de “emergência orçamentária” devido a um corte de cerca de 80% dos recursos em comparação com as verbas destinadas em 2023.
A diminuição das verbas faz parte do chamado “Plano Motosserra”, o mega ajuste econômico imposto pelo governo ultraliberal do presidente Javier Milei.
A decisão da universidade foi anunciada na última segunda-feira (15/04) e resultou na aplicação de medidas de racionamento que vem sendo aplicadas durante esta semana. Segundo o canal de televisão local C5N, nesta quarta-feira (17/04) foram iniciadas restrições ao uso de gás e energia elétrica.
Entre as mudanças adotadas estão “a não utilização de serviços de climatização (ar-condicionado ou calefação), a exceção das salas de cirurgia dos hospitais universitários e dos ambientes que necessitam climatização específica para o correto funcionamento das infraestruturas tecnológicas”. Os sistemas de ar-condicionado na UBA utilizam energia elétrica, mas a calefação funciona através de gás natural.
O anúncio da UBA também estabeleceu que “a utilização dos elevadores universitários está prevista apenas para pessoas com mobilidade reduzida e em casos de assistência ou emergência”.
Em entrevista a meios locais, o professor Pablo Rodríguez, decano da Faculdade de Odontologia da UBA, afirmou que “o Concelho Superior (da UBA) ditou uma resolução que complica muitíssimo o funcionamento da universidade, no qual circulam 2,5 mil pessoas por dia, prejudicando não só os alunos e professores, mas também os pacientes”.
Outra mudança significativa tem a ver com os programas de pesquisa, ciência e tecnologia e extensão universitária, que “estarão sujeitos à efetiva disponibilidade orçamentária para serem realizadas”. Um desses programas, conhecido como “UBA em Ação”, ficará limitada “àquelas atividades financiadas por organizações externas à UBA e/ou contribuições privadas”.
Essa medida resultará em uma diminuição significativa da quantidade de bolsas e atividades de extensão oferecidas pela universidade.
Em entrevista ao diário La Nación, o vice-reitor da UBA, Emiliano Yacobitti, enviou uma mensagem ao subsecretário de Políticas Universitárias do governo de Javier Milei, Alejandro Álvarez, afirmando que “se dentro de dois meses não houve uma atualização orçamentária para arcar com as despesas necessárias para o seu bom funcionamento, a UBA vai ter que fechar”.
Em paralelo a isso, diversas entidades ligadas à universidade, como agremiações estudantis e associações de docentes e funcionários, confirmaram sua participação em uma marcha marcada para o dia 23 de abril, em frente à Casa Rosada, para protestar contra os cortes orçamentários impostos pelo governo de Milei.