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20 Minutos

Paulo Nogueira Batista Jr.: indústria deve ser prioridade em novo governo Lula

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Economista defendeu reindustrialização focada em setores estratégicos combinada com combate à desigualdades; veja vídeo na íntegra

Camila Alvarenga

Madri (Espanha)
2022-05-09T20:30:00.000Z

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No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (09/05), o jornalista Breno Altman entrevistou o economista Paulo Nogueira Batista Jr., que foi o representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional, além de vice-presidente do Banco dos BRICS, sobre a reindustrialização brasileira.

Ele lembrou que até a crise da dívida externa, nos anos 80, o Brasil era referência em crescimento econômico, “mas acabou sendo dominado por uma agenda regressiva”. Segundo o economista, o país acreditou “na propaganda enganosa” de que a acumulação de dívida externa era viável e poderia confiar na oferta de capital externo para crescer. 

Somado a isso, “os governos, incluindo do PT, caíram na tentação da taxa de câmbio desvalorizada”, o que valorizou a exportação — e, portanto, o crescimento do setor agropecuário —, mas prejudicou a industrialização, por encarecer a importação, por exemplo, de máquinas.

“Você tem uma sociedade no Brasil que é urbana desde o século 20. Uma sociedade urbana não pode ter como locomotiva o setor extrativista, que não consegue gerar empregos suficientes ou necessários, nem comandar a economia. Quando os governos negligenciaram levar a cabo uma estratégica industrial, cometeram um equívoco. Os próprios governos de Lula e Dilma deixaram a desejar nesse sentido, principalmente no que diz respeito à taxa de câmbio e sua flutuação”, defendeu Batista Jr.

Ele ponderou que um setor extrativista interno é importante, mas a industrialização não pode ser preterida. Na opinião do economista, faltou um equilíbrio entre manter uma taxa de câmbio favorável ao setor agroexportador e segurar flutuações dramáticas que desestimularam os investimentos. “Foi uma jogada da elite brasileira que não tem capacidade de pensar por conta própria e aí ficamos à reboque dos mercados internacionais”, reforçou.

Reindustrialização

Para Batista Jr. a reindustrialização é inevitável, além de ser uma tendência mundial. Ele argumentou que, com a pandemia e a guerra na Ucrânia, as nações se deram conta da fragilidade de cadeias de produção longas, “é melhor internalizar e regionalizar, focando em setores estratégicos”.

No Brasil, o economista acredita que já caminhamos para um regime mais sustentável, com o câmbio flutuante sendo administrado pelo Banco Central. “Mas falta uma intervenção pública mais pesada para garantir estabilidade, sem anunciar metas, para não ficar vulnerável”, acrescentou.

Facebook/Paulo Nogueira Batista Jr.
Economista Paulo Nogueira Batista Jr. é o entrevistado de Breno Altman no '20 MINUTOS ENTREVISTA' desta segunda-feira (09/05)

Ele também acredita que seria importante para o país ter uma conta de capitais mais fechada, como faz a China, para evitar movimentos desestabilizadores de entrada e saída brusca de capitais. “Também temos que construir um arsenal de proteção: câmbio protegido, reservas altas, controles pontuais do fluxo de capital e controle da flutuação”, enumerou.

Batista Jr. celebrou que Lula já tenha como bandeira central de sua candidatura esse processo, reconhecendo os setores estratégicos para reconstruir o parque industrial nacional, com uma estratégia capitaneada pelo Estado.

Política externa e combate à desigualdade

Por sorte, para o economista, o cenário atual é relativamente favorável para a retomada desse processo, em grande parte porque a situação da economia externa brasileira é melhor do que era há 20 anos. 

“Não que o quadro atual seja positivo, mas do ponto de vista da economia externa, em parte por medidas tomadas durante os governos petistas que não puderam ser desfeitas por [Michel] Temer e [Jair] Bolsonaro, temos um país menos fragilizado do que em 2002, por exemplo, quando Fernando Henrique Cardoso nos deixou com reservas baixas, necessidade de recorrer ao FMI, etc. Hoje temos um bom nível de reservas, não recorremos ao FMI, o Banco Central tem bala na agulha. Essas são coisas importantes”, comemorou.

Todos esses fatores servem para dar segurança externa à economia brasileira, inclusive as reservas não deveriam ser usadas para retomar a industrialização. 

Batista Jr. também citou a integração latino-americana como fundamental para que “o Brasil não fique a reboque da iniciativa de outros países”. Assim, como o especialista acredita ser necessário participar da nova rota da Seda, ele falou sobre a importância de construir uma rota de integração com os aliados, como “a nova rota da Boa Esperança”, realizando um projeto de desenvolvimento em cooperação com a América Latina, Caribe, mas também com a África.

Já do ponto de vista interno, as políticas econômicas também deverão levar em consideração o combate à desigualdade, na opinião do economista.

“Precisamos distribuir renda, aumentar salários e ter isso como objetivo central porque a desigualdade nos condena ao subdesenvolvimento. Um país não pode se desenvolver com o grau de desigualdade que nós temos. Além de que uma política de desenvolvimento voltada para o combate da pobreza e miséria vai inclusive beneficiar as empresas. E se tem uma classe média que se incomoda em ver a qualidade de vida da população melhorando, ela tem que ser vencida porque é fonte de atraso permanente para o país”, discorreu.

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Política e Economia

Economia e ecologia: os dois principais desafios do segundo mandato de Macron

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Novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2022-05-28T17:06:00.000Z

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Menos de uma semana após o anúncio do novo governo francês, as principais revistas do país enumeram os desafios que esperam a equipe da primeira-ministra Élisabeth Borne. Além das questões econômicas, apresentadas como prioridade diante de uma crise de poder aquisitivo que irrita a população, essa nova gestão também promete ser marcada por pautas ambientais, mobilizando vários membros do governo. 

Com a manchete “A grande crise econômica que nos ameaça”, Le Point dá o tom do que espera o governo francês. A revista semanal traz uma grande reportagem sobre o tema da inflação e da recessão que atingem boa parte do mundo e tenta explicar o impacto desse panorama nada otimista na França.

“Nós pensávamos que 2022 seria uma continuidade de 2021, ano da retomada econômica, com um crescimento de 7% no país”, resume o texto. Mas isso foi sem contar com os aspectos geopolíticos que estremeceram um contexto menos estável do que parecia. “A guerra na Ucrânia e as sanções econômicas contra a Rússia jogaram óleo quente em um fogo que estava calmo. De uma hora para outra, os preços das matérias-primas, da energia e os alimentos se inflamaram”, aponta Le Point.

Diante desse panorama, o novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado. “Élisabeth Borne vai precisar de toda a sua experiência com ex-ministra do Trabalho para navegar nas águas turvas da economia francesa”, anuncia a reportagem.

Reprodução/ @EmmanuelMacron
Após reeleição, Macron anunciou um novo governo na França

Além disso, como aponta a revista L’Express, esse novo governo ainda tem pela frente o desafio de provar que pode melhorar a economia do país e ser ecológico ao mesmo tempo. Para isso, não apenas uma, mas duas ministras vão concentrar seus esforços nas questões ambientais: Amélie de Montchalin, que assumiu a pasta da Transição Ecológica e da Planificação dos territórios, e Agnès Pannier Runacher, com à frente da Transição Energética. Para completar, a própria primeira-ministra vai dirigir o que Macron batizou de Planificação ecológica.

No entanto, nenhuma das três tem experiência concreta em assuntos ecológicos e as duas ministras tem um perfil claramente “liberal e pragmático”, o que preocupa algumas ONGs ambientais. A revista L’Obs, que também traz uma grande reportagem sobre os desafios ecológicos do segundo mandato de Macron, vai além e diz que as duas ministras, que têm um “pró-business”, nunca tiveram nenhum tipo de engajamento ambiental em suas carreiras.

Mas L’Obs lembra que mesmo se em seu discurso de vitória Macron prometeu transformar a França em uma “grande nação ecológica, o próprio chefe de Estado, durante sua primeira gestão, não esbanjou declarações ecológicas. A revista, que não cita as alfinetadas dadas pelo líder francês no presidente brasileiro Jair Bolsonaro, criticando a gestão na proteção da Amazônia, afirma que boa parte das promessas feitas por Macron sobre o meio ambiente durante seu o primeiro mandato não tiveram grandes resultados concretos.

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