O governo Lula é desenvolvimentista? O professor de Economia da Universidade São Paulo Alexandre de Freitas Barbosa foi o convidado do 20 MINUTOS desta sexta-feira (21/07) para falar sobre o assunto.
Para ele, o conceito de desenvolvimento está “inflacionado”, já que há formas distintas de analisá-lo. Barbosa disse que aqueles que apoiam o governo do presidente Lula tendem a negar que seja desenvolvimentista, enquanto quem não apoia diz que é.
A palavra desenvolvimentismo, segundo o professor, está colocada de uma maneira que prioriza a dimensão econômica: “é como se o desenvolvimento fosse uma operação de política da economia”.
“Nas pesquisas que eu tenho realizado, tentando ver a história do desenvolvimento no Brasil, costumo sempre colocar o seguinte: o desenvolvimento não é apenas um problema de economistas, não foi, não deveria ter se tornado e está deixando de ser”, disse.
Barbosa relembra que, dos anos 40 ao 60, era discutido um projeto de “auto transformação da nação”, que seria um projeto de desenvolvimento nacional e que teve diversas dimensões.
Apesar de não delimitar se é desenvolvimentista ou não, o especialista apontou que o governo Lula avança em uma agenda de desenvolvimento, mas que ela não “está explicitada”. “Primeiro, ela precisa haver uma coordenação dos Ministérios para saber aonde queremos chegar. Eu ainda não vejo isso”, disse.
De acordo com Barbosa, o Ministério da Fazenda no Brasil “nunca fez política de desenvolvimento”, que ainda segundo ele, a pasta é, “por natureza”, conservadora.
Questionado sobre a aprovação do mercado ao governo Lula, o professor de economia da USP não acredita que todas as demandas do setor estão sendo atendidas. Para ele, a realidade era um “erro de interpretação” do mercado de como seria a gestão do petista.
“O governo Lula em termos de política econômica, no sentido de fiscal, monetária e cambial, nunca foi radical. Esse ai um esquecimento. Essa política não é Fernando Haddad, mas sim do Lula. O presidente coloca alguém de profunda confiança e que tem habilidade política para costurar relação com a ‘Faria Lima’, ou com o mercado, e entrega algo que é palatável, que eles não esperavam, mas que também não é um ajuste fiscal neoliberal típico”, afirmou ele ao 20 MINUTOS.