A professora e pedagoga argentina Lola Aronovich foi a convidada do programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (06/07). O programa debateu como sobreviver o ódio nas redes sociais. Autora no blog feminista Escreva Lola Escreva, Aronovich já foi vítima de diversos ataques e ameaças de grupos da extrema direita.
Por conta desse combate no mundo virtual, Aronovich foi a inspiração para a Lei 13.642/18, conhecida como Lei Lola, que permite a investigação de casos de misoginia na internet pela Polícia Federal.
Segundo ela, é necessário separar o tempo de permanência na internet para que não fiquemos “submersos” nas redes sociais, pois isso nos faz ficar expostos à interações desnecessárias.
“Eu sou feminista e sou atacada por isso. As ameaças e ataques começaram mesmo em 2010 e eu não tinha ideia do nível de misoginia que tem na internet. […] Eu escrevi sobre esses grupos patéticos de extrema direita e é um universo totalmente ligado ao discurso de ódio”, disse.
Esses grupos, de acordo com a pedagoga, são também ligados aos massacres que acontecem em escolas. Aronovich citou o episódio de Realengo, que ocorreu em 2011 no Rio de Janeiro, destacando que, à época, a mídia não soube tratar do assunto, apontando como tragédia e não “crime de ódio”, inventando “desculpas ridículas para compreender porque o autor do crime matou mais meninas do que meninos”.
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Aronovich foi a inspiração para a Lei 13.642/18, que permite a investigação de casos de misoginia na internet
Aronovich comentou que esses grupos e sites eram organizados e sobreviviam mesmo com denúncias, pois a legislação ainda não compreendia esses ataques cibernéticos.
“Essas ameaças e ataques a mim continuam. Há muitas maneiras como esses ataques acontecem: uma das vezes, fiquei sem acesso à internet, e eles inventaram um tweet meu comemorando a morte do filho do Geraldo Alckmin. Não pude me defender, pois estava fora das redes naquele momento, e esses grupos compartilharam”, afirmou.
De acordo com Aronovich, a misoginia é a “porta de entrada” para um mundo mais “pesado na internet”. Os fóruns de debates que existem nesses sites e grupos servem para acolher os usuários que realizam ataques contra as mulheres.
“Não estou dizendo que a esquerda não tenha homens machistas, porque tem. Mas quando é apontando que esse homem foi machista, ele pede desculpa. Na extrema direita não, é um lugar disso”, declarou ela.