O jornalista e colunista do UOL Jamil Chade foi o convidado do programa 20 MINUTOS desta quarta-feira (12/07) e falou sobre os escândalos internacionais que a Lava Jato causou.
Chade aponta que, desde o início, a operação ganhou um “destaque” internacional por conta que os casos de corrupção que eram analisados pela Lava Jato, como o da Odebrecht, foi um “esquema que atingiu diversos países”.
“Quando eclode a Lava Jato, ela tem um impacto internacional. Primeiro tem esse impacto nos países envolvidos, mas não só, ela chama atenção em ao menos dois outros: Suíça e Estados Unidos”, disse.
No entanto, para o jornalista, a visão da Lava Jato se altera fora do Brasil quando o combate à corrupção se torna “instrumentalizado”. “Quando tem um juiz que depois vira ministro da Justiça de um presidente que ganhou a eleição fechando a por para o outro, não pode existir um esquema desse”, afirmou. Para Chade, a prerrogativa de “combater a corrupção” era, na verdade, uma “estratégia de poder”.
O ponto de virada da operação aconteceu quando foram reveladas as conversas realizadas através do aplicativo Telegram entre o então juiz Sergio Moro, o ainda promotor Deltan Dallagnol e outros integrantes da Operação Lava Jato.
Chade defendeu que uma cooperação internacional é “fundamental”, pois os crimes atualmente “não tem fronteira e usa a internacionalização para fugir da polícia”. Nesse sentido, uma cooperação se faz necessário para lutar contra esses esquemas.
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Chade destacou que cooperação internacional entre Lava Jato e autoridades da Suíça funcionava em uma relação arbitrária
Porém, essa cooperação não pode ocorrer “de forma clandestina”, como aconteceu na Lava Jato: “o problema nisso é que não é qualquer tipo de transparência para que o suspeito eventualmente tenha como se proteger e garantir seu estado de direito”, afirmou.
O jornalista destacou que a cooperação internacional entre a Lava Jato e autoridades da Suíça funcionava em uma relação arbitrária.
A operação Lava Jato chegou às Nações Unidas quando o Comitê de Direitos Humanos da entidade reconheceu a parcialidade de Moro no processo contra o presidente Lula. Segundo Chade, essa é uma contribuição “gigante”, que “revela tudo o que aconteceu no Brasil e se tornou um documento histórico que não tem a contaminação política brasileira”.
“Essa decisão levou um tempo para ser avaliada. Talvez se tivesse sido avaliada antes as consequências teriam sido outras, mas é o que temos e, de toda forma, é um documento histórico”, disse Chade.