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Putin faz a coisa certa

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Ao reconhecer as repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, Moscou não expressa qualquer inclinação de ceder aos arreganhos expansionistas dos EUA

Breno Altman

São Paulo (Brasil)
2022-02-21T23:21:00.000Z

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O presidente da Rússia decidiu promulgar o reconhecimento das repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia. 

De maioria russa, esses estados autônomos são frutos do golpe de Estado que derrubou, em 2014, o então presidente Viktor Yanukovytch, aliado de Moscou. Um bloco de direita tomou o poder em Kiev, alimentado tanto pelos Estados Unidos quanto pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o condomínio militar europeu comandado por Washington.

A reação russa foi a ocupação da Criméia, área estratégica por seu acesso ao Mar Negro, que havia sido cedida à Ucrânia em 1954. Um referendo popular consagrou a reintegração desse território à Rússia, embora o resultado tenha sofrido questionamentos externos.  

Além desse episódio, forças de esquerda e pró-russas se acantonaram no Donbass e criaram os Estados autônomos que Vladimir Putin acabou de reconhecer, tornando possível a constituição de tratados e alianças militares, à luz do direito internacional. 

A derrubada do governo constitucional, há quase oito anos, teve como principal bandeira a incorporação do país à União Europeia. Sob essa plataforma, unificaram-se desde grupos sociais-democratas a neonazistas. Desde então, comunistas e nacionalistas panrussos foram colocados na clandestinidade e perseguidos implacavelmente, ao mesmo tempo em que Kiev confrontava militarmente as repúblicas rebeldes. 

Acordos negociados em Minsk, na Belarus, colocaram um fim à guerra civil, prevendo referendos para as regiões separatistas escolherem seu destino. Mas o governo ucraniano continuou a ser gostosamente utilizado pela Casa Branca e a OTAN para servir de cinturão militar contra Moscou, rompendo todos os pactos de segurança coletiva estabelecidos após a II Guerra Mundial. 

No outono da revolução russa, em 1989, o secretário de Estado da administração George Bush, James Baker, prometeu a Mikhail Gorbachev, presidente da URSS e secretário-geral do Partido Comunista, que a OTAN não avançaria “nenhuma polegada para o leste” de suas fronteiras originais. Tudo mentira. Foram incorporados à coalizão militar atlântica várias das nações outrora pertencentes ao campo socialista, além dos países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – que antes eram repúblicas soviéticas.

Kremlin
Putin decidiu promulgar o reconhecimento das repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia

Os Estados Unidos e os vassalos europeus também interferiram nos assuntos internos da Belarus e da Geórgia, além da Ucrânia, com o propósito de estimular forças locais que se dispusessem a colocar sob sua hegemonia toda a fronteira ocidental com a Rússia. Fracassaram nas duas primeiras nações e transformaram a aposta ucraniana em disputa estratégica.

As exigências de Moscou são relativamente simples e defensivas: implementar os acordos de Minsk, proibir a integração da Ucrânia à OTAN, impedir que esse país sirva de plataforma bélica contra a Rússia. Adotando discurso hipócrita em favor da soberania ucraniana, os EUA e a União Europeia não dão, até o momento, qualquer sinal de que estariam dispostos a ceder em sua escalada imperialista. 

A primeira resposta de Putin foi a mobilização de tropas, desde dezembro, colocando-as de prontidão no caso de Kiev dar novas provas de servilismo e efetivar seu papel de posto avançado das forças militares ocidentais. Um claro sinal de que a Rússia se dispõe à negociação diplomática, mas excluindo a capitulação como opção aceitável. 

A segunda medida estratégica está representada pelo reconhecimento das repúblicas do Donbass. A premissa é básica: sem que sejam respeitadas as exigências russas acerca de sua segurança frente ao Ocidente, tampouco serão levadas a sério as reivindicações ucranianas quanto ao seu território. E qualquer ataque de Kiev contra essas repúblicas poderá ser contraposto pela máquina de guerra comandada por Putin. 

A hora de diplomacia pode estar chegando ao fim. O governo Biden, por razões geopolíticas e eleitorais, parece claramente interessado na radicalização do conflito, imaginando que possa colocar os russos de joelhos, como fizeram nos primeiros dez anos de restauração capitalista, durante a liderança de Gorbachev e Boris Yeltsin. Mas Moscou, dessa vez, não expressa qualquer inclinação de ceder aos arreganhos expansionistas dos Estados Unidos. 

No encontro de chanceleres, previsto para essa semana, em Paris, Sergey Lavrov, ministro russo de Relações Exteriores, deverá repetir a mesma mensagem das últimas semanas: com a Ucrânia fora da OTAN e sem armas estratégicas ocidentais, haverá paz e a crise termina.

No entanto, se Washington quiser impor seus planos, através de qualquer ação militar ou provocação operada por Kiev, especialmente contras as repúblicas rebeldes, a Rússia deu o recado: estará pronta para se defender pelas armas.

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Eleições 2022 na Colômbia

Gustavo Petro denuncia ‘conspiração’ para suspender eleições na Colômbia

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Presidenciável de esquerda chegou a cancelar viagens por risco de atentado; eleições ocorrem em 29 de maio

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-05-20T21:50:00.000Z

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O candidato à Presidência da Colômbia Gustavo Petro falou na quinta-feira (19/05) durante um comício eleitoral na cidade de Cali que seus oponentes conspiram para sabotar as eleições do próximo dia 29 de maio, com a intenção de suspendê-las, em um momento em que as pesquisas colocam-no como grande favorito.

Diante de milhares de simpatizantes reunidos na Praça da Governança durante o ato de encerramento da campanha na capital do departamento de Valle del Cauca, o candidato pela coalizão de esquerda Pacto Histórico afirmou que "já estão conspirando em reuniões secretas para ver como as eleições são suspensas, como podem passar pelos tribunais superiores de justiça". 

Petro disse ainda que seus oponentes “já se sentem perdedores” e acrescentou que estas supostas conspirações surgem entre aqueles que "querem se perpetuar no poder, dos viciados no poder e na morte, que não suportam perder eleições, que não suportam uma vitória popular".

Petro/Twitter
Comício eleitoral na cidade de Cali reuniu milhares de apoiadores de Gustavo Petro

Ao mesmo tempo, ele pediu à população que tenha calma diante de um possível "golpe" durante as eleições, assegurando que "a parte mais delirante da corrupção que nos governa é tentar desencadear um violento surto social para ter a desculpa de suspender definitivamente as eleições e perpetuar-se no poder sabendo que são minoria”. 

Ameaça contra Petro

No início do mês, em 3 de maio, a Procuradoria-Geral da Colômbia abriu uma investigação formal para apurar as denúncias do candidato à Presidência pela coalizão de esquerda Pacto Histórico, Gustavo Petro, de que ele seria alvo de um atentado durante visita a cidades na região central do país.

Segundo comunicado formal, os investigadores "contataram os responsáveis pela segurança do senhor Gustavo Petro e as pessoas de sua campanha para obter detalhes sobre a origem das informações e levar adiante as investigações".

Os organizadores da visita de Petro a três departamentos centrais do país anunciaram, na noite do dia 2 de maio, uma segunda-feira, que estavam cancelando a viagem por "motivos de segurança" sobre o risco de um grave atentado.

"Conforme os trabalhos desenvolvidos pela equipe de segurança, que recebeu informações em primeira mão da área da visita, o grupo criminoso La Cordillera programou um atentado contra a vida do candidato à Presidência", disseram os organizadores.

(*) Com TeleSur. 

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