A Justiça francesa validou nesta terça-feira (19/12) o leilão de uma máscara Fang do século XIX, originária do Gabão, por € 4,2 milhões a um comprador anônimo. Inicialmente, o objeto havia sido adquirido por um antiquário de um casal de 80 anos por € 150. A peça tradicional africana estava no centro de um imbróglio judicial.
Os aposentados pediam na Justiça que a venda fosse cancelada, enquanto uma associação de gaboneses exigia a devolução do objeto ao país de origem. O governo do Gabão, que durante o processo manifestou desejo de repatriação do objeto, teve o pedido rejeitado.
O tribunal de Alès, no sul de França, decidiu que os proprietários originais, um homem de 88 anos e a sua esposa de 81, que tinham contatado um vendedor de antiguidades para se livrarem da máscara “não apreciaram o justo valor histórico e artístico do bem”. “Sua negligência e descuido” embasam a rejeição do pedido, acrescenta a decisão.
Tudo começou em setembro de 2021, no departamento do Gard, no sul da França. Os idosos queriam esvaziar uma de suas propriedades e venderam a máscara de madeira que encontraram no sótão.
Logo após adquirir o objeto, o negociante decidiu pesquisar a idade da peça utilizando o método de datação por Carbono-14 e com ajuda de um antropólogo. Ele acabou descobrindo que se tratava de uma máscara do povo Fang, extremamente rara.
Omer Freixa/Twitter
Peça tradicional africana estava no centro de um imbróglio judicial
Posteriormente, o objeto foi oferecido em um leilão excepcional na cidade de Montpellier, no sul da França. Avaliada em € 300 mil, ela foi finalmente vendida em um lance que chegou a € 4,2 milhões, em março de 2022.
O casal de aposentados se sentiu enganado e apresentou queixa contra o vendedor de objetos antigos.
Antes da venda, o antiquário entrou em contato com o casal de aposentados para investigar a procedência da máscara de 55 centímetros de altura, maravilhosamente esculpida em uma madeira clara com detalhes em pátina de caulim.
O homem de 86 anos explicou que seu avô, René-Victor Edward Maurice Fournier, era, na época, governador colonial na África e tinha “recolhido” a máscara por volta de 1917 em circunstâncias desconhecidas.
“Os meus clientes ficaram surpresos”, reagiu Frédéric Mansat-Jaffré, advogado do casal, que não descarta recorrer da decisão.