Israel está estabelecendo as condições para que suas tropas voltem a ocupar a Faixa de Gaza após a guerra, declararam três diplomatas ocidentais ao jornal The Times Of Israel.
Segundo as declarações dos diplomatas, “não há voluntários para governar a região além da Autoridade Nacional Palestina (ANP), a quem o governo israelense está determinado a enfraquecer”.
Um dos representantes afirmou que em novembro passado, o governo israelense tomou a decisão de reter receitas fiscais, privando a ANP “já sem dinheiro, de fundos tão necessários”.
“Onde isso nos deixa? Dadas estas circunstâncias, não vejo cenário mais provável”, finalizou, afirmando que apesar da situação “ainda trabalham para evitar a ocupação”.
Por sua vez, um conselheiro do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse à imprensa israelense que seu governo não concordará em retornar à Faixa de Gaza a menos que as forças israelenses sejam completamente retiradas e haja uma eventual solução de dois estados.
Apesar do prognóstico, o terceiro diplomata ocidental especulou que, tal qual no Líbano em 2000, Israel pode retirar suas forças da região por “diminuição do apoio público a uma missão que ceifou a vida de centenas de soldados das Forças de Defesa Israelenses).
As afirmações concordam com o posicionamento do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, desde o início do conflito, em 7 de outubro. Segundo ele, Israel manterá “o controle geral de segurança” da Faixa de Gaza após “eliminar o Hamas” a fim de “garantir que um ataque semelhante nunca mais ocorra”.
FDI/Twitter
Planos de Israel não preveem fornecer administração civil aos mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza
Outros importantes funcionários do governo israelense, como o ministro do gabinete de guerra, Benny Gantz, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, já fizeram também declarações semelhantes.
No entanto, os planos de Israel não preveem fornecer administração civil aos mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza. Segundo o The Times Of Israel, há um estatuto que prevê o controle da segurança, embora “não seja responsável pelos serviços civis para os palestinos”.
Em um contexto em que a ANP está enfraquecida e o regime de Israel se dispõe a administrar a região apenas no quesito de segurança, os palestinos podem ficar à deriva, inclusive sem apoio de outros países árabes, avaliam os representantes.
“Nenhuma força árabe concordará em entrar em Gaza sob tais circunstâncias”, disse um dos diplomatas.
Os embaixadores explicaram ainda que a rejeição do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, à Autoridade Palestina, seu fracasso em promover alternativas viáveis ao conflito e sua afirmação de que Israel manterá o controle da Faixa “está dissuadindo outros atores de cooperar para reabilitar a região após a guerra”.
(*) Com RT en español