A poucos quilômetros ao sul das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, uma missão arqueológica do Egito descobriu três novas tumbas no deserto de Gizé, entre as quais se encontra uma compartilhada por dois sacerdotes, datada de mais de 4.400 anos.
No deserto de Gizé, o Ministério de Antiguidades egípcio apresentou neste sábado (04/05) as tumbas dos ocupantes da necrópole, Behen Wi Ka e Nuwi, dois sacerdotes da V dinastia (2500-2350 a.C).
“No início pensávamos que íamos encontrar tumbas do período tardio (século VII a.C.), mas encontramos uma do Império Antigo do Egito, da V dinastia. Estamos falando de uma tumba de 4.400 anos”, disse à agência Efe Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades egípcias.
Waziri explicou que a missão começou em agosto passado e, após remover mais de 450 metros cúbicos de escombros, descobriram três túmulos e, para sua surpresa, uma delas repleta de sarcófagos de madeira e fragmentos em perfeito estado de conservação pertencente aos dois sacerdotes da V dinastia.
Ambos foram enterrados na mesma tumba: Behen Wi Ka ostentava sete títulos e era o sacerdote da purificação do faraó Quéfren, enquanto Nuwi tinha cinco títulos, entre eles o de sacerdote de Maat, a deusa da justiça e da verdade, de acordo com a mitologia egípcia.
As três tumbas foram mostradas para dezenas de jornalistas após uma entrevista coletiva na esplanada das pirâmides, da qual assistiu o ministro de Antiguidades do Egito, Khaled al Enani.
As tumbas, separadas por poucos metros, se escondem sob as dunas e atrás de portas de pedra caliça, um indicador do poder dos sacerdotes, já que para obter tal material era indispensável “a permissão do faraó”, afirmou à Efe Waziri.
As portas guardam corredores estreitos decorados com gravuras e hieróglifos e podem ser vistos sarcófagos de madeira intacta que conservam as cores originais e que atualmente estão sendo restauradas.
“Os sarcófagos estão em perfeitas condições porque estavam bem pintados, bem coloridos e bem decorados. Vamos exibi-los em nossos museus egípcios, como os de Sharm El-Sheikh e Hurgada”, anunciou Waziri, depois da visita ao sítio arqueológico.
O conhecido egitólogo Zahi Hawas, que participou da apresentação das novas descobertas, explicou à Efe que está “muito contente” porque as cenas das gravuras e das estátuas “também podem datar esta tumba como da dinastia XXVI” (664-525 a.C), última antes da conquista persa.
“Por trás da grande esfinge encontramos grandes túmulos de sacerdotes de Quéfren e, essas pessoas das quais descobrimos seus túmulos, estão conectadas aos sacerdotes da dinastia XXVI por trás da esfinge”, argumentou Hawas à Efe.
“Esta descoberta é muito importante porque promove o turismo no Egito. O ministro foi capaz de trazer as ferramentas para (fomentar) o turismo. E as ferramentas para promover o turismo são descobertas arqueológicas”, explicou Hawas para a imprensa.
O arqueólogo, emocionado com a descoberta, advertiu que ela “demonstra” que até agora só foram encontrados “apenas 30%” dos monumentos do Antigo Egito e “ainda 70% está enterrado a areia”.
“O Egito moderno está construído em cima do Antigo Egito. Você pode escavar no pátio da sua casa e encontrar algo. Isto é o que torna o Egito um país único”, concluiu Hawas.
Agência Efe
Tumbas foram descobertas no deserto de Gizé, no Egito.