Os usuários do transporte público na Alemanha poderão viajar sem máscaras pela primeira vez em quase três anos a partir desta quinta-feira (02/02), com o fim da obrigatoriedade imposta durante a pandemia de covid-19 para conter as transmissões do coronavírus.
O fim da obrigatoriedade do uso da proteção facial nos trens regionais e de longa distância, ônibus e bondes estava previsto para o mês de abril, mas o governo federal decidiu antecipar a medida em razão da queda no número de casos da doença no país.
A partir desta quinta-feira, os nove estados alemães que ainda mantinham a regra em vigor deixarão de aplicá-la. O uso de máscaras do tipo PFF2 ou N95, no entanto, continua obrigatório em hospitais, casas de repouso e consultórios médicos e odontológicos até 7 de abril.
O ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, conhecido pela cautela em relação ao relaxamento das restrições para evitar a transmissão da doença, recomendou que as pessoas continuem usando máscaras no transporte público de maneira voluntária.
Medidas “draconianas”
Lauterbach, do Partido Social-Democrata (SPD), assumiu o cargo no início do governo do chanceler federal Olaf Scholz, em dezembro de 2021. Em entrevista à emissora ZFD nesta semana, ele criticou erros cometidos no passado no combate à covid-19.
O ministro apontou problemas nas medidas de distanciamento social adotadas, citando a proibição de contato entre crianças nas escolas e jardins de infância, apesar de admitir que, à época, não havia conhecimento científico suficiente sobre como se davam as transmissões.
“Mais tarde, melhoramos essas coisas”, avaliou. Depois de um algum tempo, as crianças passaram a ser testadas regularmente para a doença, e as escolas puderam funcionar normalmente.
Frank Hoermann/SVEN SIMONpicture alliance
Ministro alemão da Saúde recomendou que as pessoas continuem usando máscaras no transporte público de maneira voluntária
Lauterbach considerou que essa e outras regras adotadas foram excessivas. “Essas medidas draconianas – proibição de sair de casa, uso das máscaras ao ar livre, fechamento de parquinhos infantis em áreas abertas – não seriam adotadas hoje”, disse o ministro.
Lauterbach avalia que a Alemanha atravessou de maneira satisfatória o período da pandemia, em comparação com outros países com populações similarmente envelhecidas.
O Partido Liberal Democrático (FDP), membro da coalizão do governo federal juntamente com o SPD e o Partido Verde, comemorou o fim da obrigatoriedade de máscaras. A legenda, que defende uma redução do papel regulador do Estado, alega ter influenciado a decisão.
“Todas as restrições de liberdades devem ser proporcionais e colocadas em prática somente enquanto forem absolutamente necessárias”, disse o secretário-geral da legenda, Bijan Djir-Sarai. “A Alemanha já superou a pandemia. Agora, é importante encerrar também as últimas medidas impostas pelo Estado contra o coronavírus, como a obrigatoriedade das máscaras nos consultórios médicos.”
Dificuldades em impor a regra
As dificuldades para se fazer cumprir a obrigatoriedade nos trens alemães vinham aumentando, com a revolta de muitos passageiros por serem forçados a utilizar as máscaras.
A operadora de trens Deutsche Bahn registrou no período de um ano um aumento de 25% nas agressões a seus funcionários, em alguns casos, resultando em ferimentos graves. A maior parte dos casos de violência é atribuída à imposição do uso das máscaras.
Um porta-voz da Associação de Empresas Alemãs de Transporte (VDV) disse que, na perspectiva da entidade, “a obrigatoriedade há muito não era mais necessária, tendo em vista a situação pandêmica”.
“Era cada vez mais difícil fazer com que os passageiros a cumprissem, além de explicar para eles por que as pessoas não precisavam mais usar máscaras em aviões ou em salas de concerto lotadas, mas ainda era necessário utilizá-las no caminho para o aeroporto ou para os shows em ônibus e trens”, afirmou.