Todas as crianças deveriam usar máscara nas escolas, defendeu neste domingo (08/08) o chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, Francis Collins. Segundo ele, essa é a melhor forma de lutar contra novos focos da variante Delta e não ter que recorrer ao ensino a distância novamente.
A máscara “não é nem uma bandeira política, nem um ataque às liberdades”, afirmou Francis Collins, em entrevista ao canal norte-americano ABC neste domingo. “Essa é uma ferramenta médica que salva vidas”, reiterou o especialista. Ele também lembrou que, atualmente, 1.450 crianças estão hospitalizadas em todo o país por causa da covid-19, um recorde, desde o início da pandemia.
A questão do uso da máscara, especialmente nas escolas, suscita um vivo debate nos Estados Unidos, especialmente no estado da Flórida, onde o governador republicano Ron DeSantis ameaça cortar os fundos destinados aos estabelecimentos de educação que seguirem a recomendação.
“As crianças podem transmitir a covid-19, mesmo que elas tenham sintomas leves ou sejam assintomáticas”, indicaram os Centros de Luta e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), em um tweet publicado neste domingo. Segundo a agência de saúde dos Estados Unidos, em locais fechados, inclusive escolas, o uso de máscara deveria ser feito a partir de 2 anos de idade.
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‘Essa é uma ferramenta médica que salva vidas’, reiterou o chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos
“Pedir para as crianças usar uma máscara não é confortável, mas as crianças são resistentes. Se não adotarmos o uso de máscaras nas escolas, o vírus vai se propagar mais rapidamente. Isso vai resultar em focos epidêmicos e as crianças terão de voltar para as aulas à distância” explicou Collins.
Fracasso na luta contra a covid-19
O chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos também afirmou que o país “está fracassando” no combate à epidemia. O aumento da presença da variante Delta, altamente transmissível, fez com que o total de novos casos diários chegasse a 118 mil, o maior nível desde fevereiro.
“Nunca deveríamos ter chegado onde estamos”, disse à ABC. “Sim, estamos falhando”, reiterou.
O número de óbitos também registraram um aumento de 89% nas últimas duas semanas. Os hospitais infantis de estados como a Flórida se viram “sobrecarregados” à medida que a população mais jovem que não pode se vacinar é cada vez mais afetada. Além disso, milhões de pessoas, especialmente de tendência conservadora, permanecem céticas e rejeitam a vacinação, apesar de estudos que confirmam a segurança desses fármacos.
O país autorizou o acesso à imunização a partir dos 12 anos. Pesquisas que analisam a vacinação de bebês e crianças com idades inferiores estão sendo realizadas, mas ainda não foram finalizadas. Por isso, segundo Collins, é fundamental que a população elegível se imunize contra o vírus o mais rápido possível.
“Não estaríamos onde estamos com este aumento da Delta se tivéssemos sido mais eficazes na vacinação de todos”, afirmou Collins. “Agora estamos pagando um preço terrível”, concluiu.