Nos últimos 20 meses, a pandemia do novo coronavírus matou mais de quatro milhões de pessoas em todo o mundo. Em meio a essa quantidade enorme e lamentável de vítimas, estão muitas pessoas que dedicaram as suas vidas a causas sociais, políticas e humanitárias.
Esta lista em ordem alfabética pretende recordar algumas dessas pessoas com uma pequena biografia de cada uma delas, e lembrar como a crise sanitária desfalcou a luta por um mundo mais justo e menos desigual.
Leia a lista abaixo:
1. Alípio Freire, ativista pelos direitos humanos
Jornalista e escritor baiano, Alípio Freire foi militante da Ala Vermelha, um grupo dissidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que combateu a ditadura militar brasileira (1964-1985) por meio da luta armada – Alípio chegou a ser preso político do regime, capturado pela chamada Operação Bandeirantes (Oban), a mesma que também prendeu a ex-presidente Dilma Rousseff, e mantido preso entre 1969 e 1974.
No início dos anos 1980, foi vice-presidente do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores (PT ), em São Paulo, participando ativamente da formação da organização. Faleceu em decorrência da covid-19 aos 75 anos, em 22 de abril de 2021.
2. Amanda Marfree, ativista LGBTQI+
Destacada militante da causa LGBTQI+, Amanda Marfree era orientadora do Centro de Referência e Defesa da Diversidade em São Paulo, além de ter sido pré-candidata a vereadora da cidade paulista pelo coletivo DiverCidade SP – pelo qual apoiou a candidatura de Guilherme Boulos nas eleições municipais de 2020.
Também ficou conhecida por ser a primeira pessoa trans formada no ensino médio através do projeto Transcidadania, desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Fernando Haddad. Faleceu por covid-19 com apenas 35 anos, em 23 de junho de 2021.
3. Aritana Yawalapiti, líder indígena do Xingu
O cacique Aritana Yawalapiti foi um histórico líder indígena brasileiro e responsável pela incorporação da nação Yawalapiti ao Parque Indígena do Xingu, chegando a trabalhar junto aos irmãos Orlando e Cláudio Villas-Bôas, nos anos 70 e 80.
Tinha apenas 19 anos quando assumiu a liderança da sua tribo, uma das últimas da região do Xingu que ainda caçavam com arco e flecha, entre outros costumes ancestrais que mantinham entre suas atividades. Faleceu aos 71 anos, em 5 de agosto de 2020.
4. Aruká Juma, líder indígena
Uma das mortes mais sensíveis causadas pela pandemia, já que se trata do último remanescente do seu povo. Aruká foi o único sobrevivente dos diversos ataques sofridos pelo povo Juma nos últimos 50 anos, além das mortes causadas por doenças também trazidas pelo contato com citadinos, que levaram sua etnia a lamentar mais de 15 mil mortes no período. Suas três filhas são a última esperança de sobrevivência da sua etnia.
Outra controvérsia é o fato de que ele foi submetido ao chamado “tratamento precoce”, com cloroquina e ivermectina, que não funcionou no seu caso – como em muitos outros. Faleceu em 2 de fevereiro de 2021. Não se sabe ao certo a sua idade, mas se supõe que tinha entre 86 e 90 anos.
5. Bernaldina José Pedro, líder indígena Maturuca
Era mais conhecida como Vovó Bernaldina e lembrada como a guardiã dos saberes ancestrais da comunidade indígena Maturuca, incluindo a língua materna macuxi e os ritos das danças tradicionais nas rodas de Parixara, uma das mais tradicionais manifestações artísticas dos povos indígenas em Roraima.
Em 2010, foi ela quem conduziu a cerimônia que oficializou a homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol – oito anos depois, em 2018, Vovó Bernaldina entregou uma carta ao Papa Francisco para pedir ajuda na defesa dessas terras diante da ameaça do governo federal de reverter a demarcação. Faleceu aos 75 anos, em 24 de junho de 2020.
6. Cacique Domingos Venite, líder Aldeia Sapukai
Cacique Domingos Venite foi líder da maior terra indígena do Estado do Rio de Janeiro, a Aldeia Sapukai, e integrou a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), uma organização política autônoma que congrega as aldeias do povo guarani das regiões Sul e Sudeste.
Era considerado por muitos como a mais importante liderança indígena do Estado do Rio de Janeiro nos últimos 40 anos. Aos 68 anos, faleceu por consequência da covid, em 21 de julho de 2021.
7. Dráuzio Rodrigues de Macêdo, líder sindical
Figura histórica do sindicalismo paraibano, Dráuzio Rodrigues de Macêdo atuou na Federação Nacional dos Urbanitários e no Sindicato dos Eletricitários da Paraíba e foi assessor político da Central Única das Trabalhadoras e Trabalhadores (CUT ).
Em seus últimos meses de vida, trabalhou como chefe de gabinete do vereador Marcos Henriques, em João Pessoa. Faleceu aos 53 anos, em 2 de dezembro de 2020.
8. Francisca Matucari, líder indígena
Representante do povo Chiquitano, um dos mais importantes da região oeste do Mato Grosso, Francisca Matucari foi também acadêmica, professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e conhecida por ser uma das maiores incentivadoras do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), que oferece bolsas de iniciação a alunos que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede pública.
Fato curioso é que ela faleceu 22 dias após a morte do seu filho, Esvanei Matucari Teixeira, de 45 anos, que também era professor da Unemat e ativista pela causa indígena. Francisca faleceu aos 64 anos, em 12 de junho de 2021.
9. Geoff Makhubo, ativista anti-apartheid e prefeito de Johanesburgo
Durante seus anos como líder social, Geoff Makhubo se destacou nos anos 80 como presidente da Liga da Juventude do movimento CNA (Congresso Nacional Africano), na época em que este ainda não era um partido político e sim a principal organização de resistência ao regime do apartheid na África do Sul.
A partir da Presidência de Nelson Mandela e com o CNA já transformado no principal partido do país, sua carreira política deslanchou e o levou a ser eleito prefeito Johanesburgo, em 2019. Aos 53 anos, faleceu em 9 de julho de 2021.
10. Januário Garcia, fotógrafo e ativista do movimento negro
Januário Garcia foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Informação do Artista Negro, em 1984, junto com a atriz Zezé Motta, e também do Movimento Negro Unificado, em 1978.
É impossível dissociar o legado do ativista e o do artista, já que o mineiro Januário Garcia também foi um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, com seus registros sobre a condição dos negros no Brasil, na África e em vários países da diáspora, alguns dos quais estamparam capas de discos famosos de artistas como Chico Buarque, Tom Jobim, Leci Brandão e Belchior. Faleceu aos 77 anos, em 1º de julho de 2021.
11. João Lira, líder indígena Aldeia Itapuã
Era formado em Letras pela USP (Universidade de São Paulo) e conhecido por ser líder indígena da Aldeia Itapuã, no litoral sul de São Paulo, e também líder comunitário de renome na região do Litoral Sul de São Paulo, atuando em cidades como Miracatu e Pariquera-Açu.
Entre outras coisas, se destacou por organizar um programa de educação escolar indígena nessas mesmas cidades. Faleceu por covid aos 42 anos, em 18 de setembro de 2020.
12. José María “Chato” Galante, guerrilheiro anti-franquista e ex-preso político
Conhecido por seus companheiros de armas por ter a cabeça achatada, razão pela qual o chamavam “El Chato”, José María Galante foi um guerrilheiro espanhol que militou na resistência anti-franquista, chegando a ser preso político do regime nos anos 60. Foi membro da LCR (Liga Comunista Revolucionaria) e após a ditadura de Francisco Franco (1939-1975) se destacou como um dos porta-vozes do movimento La Comuna, que reunia sobreviventes da tortura. Faleceu aos 73 anos, em 29 de março de 2020.
13. Juan Carlos Pinto Quintanilla, sociólogo e ex-guerrilheiro Tupac Katari
Sociólogo boliviano, foi diretor-geral do Programa de Fortalecimento Cidadão do país durante a segunda metade do governo de Evo Morales – cargo que manteve até o golpe de Estado, em novembro de 2019. No entanto, a biografia do acadêmico Juan Carlos Pinto Quintanilla está em grande parte marcada por seus anos como membro do Exército Guerrilheiro Tupac Katari, entre os anos 80 e 90. Faleceu por covid aos 65 anos, em 27 de janeiro de 2021.
14. Lígia Deslanes, líder sindicalista
Primeira mulher em ocupar a presidência do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo, entre 2012 e 2018, Lígia Deslanes foi uma importante liderança dentro da categoria e também da CUT (Central Única dos Trabalhadores), já que foi secretária-geral da entidade no Rio de Janeiro (CUT-RJ). Faleceu por covid aos 59 anos, em 22 de abril de 2021.
15. Loren Alexander, ativista trans
Foi uma das criadoras da Parada LGBTQI+ de Madureira e presidenta do MGTT (Movimento de Gays, Travestis e Transexuais) do Rio de Janeiro. Seu legado na luta pela visibilidade trans foi reconhecido por organizações de todo o país ligadas à causa. Faleceu por covid aos 62 anos, em 6 de janeiro de 2021.
16. Lúcia Rocha, líder feminista e comunista
Apesar de destacada militante da causa feminista no Nordeste, a contribuição de Lúcia Rocha para o país não se resume isso. Durante a Ditadura Militar (1964-1985), ela foi uma importante líder estudantil, integrando movimentos como a Ação Popular e participando como apoiadora logística aos companheiros envolvidos na Guerrilha do Araguaia. Filiada ao PCdoB desde 1973, chegou a fazer parte da direção estadual do partido na Paraíba. No movimento feminista, foi uma das fundadoras da UMB (União Brasileira de Mulheres) e presidenta da entidade na Paraíba. Faleceu por covid aos 74 anos, em 14 de março de 2021.
Paulo Desana/Dabakuri/Amazônia Real
Pandemia do novo coronavírus matou mais de quatro milhões de pessoas em todo o mundo
17. Maniben Sita, ativista hindu e anti-apartheid
Mulher de origem hindu que viveu quase toda a sua vida na África do Sul durante o regime do apartheid, Maniben Sita militou em duas lutas: a resistência contra o regime discriminatório sul-africano e pela independência da Índia. Seu pai, Nana Sita, foi amigo de Mahatma Gandhi e apoiou seu movimento no país asiático. Porém, Maniben foi mais ativa em seu país natal: em 1952, ela chegou a ser presa por três meses, após se sentar em um banco de uma estação ferroviária reservado apenas para brancos. Em 1994, passou a ser conselheira do Congresso Nacional Africano, quando este já havia se tornado um partido político. Faleceu aos 94 anos, em 7 de julho de 2021.
18. Manoel Pereira, ativista cultural e do movimento negro
Dono de um dos restaurantes mais tradicionais no Pelourinho, Manoel Pereira também foi um importante ativista do movimento negro de Salvador e ativista cultural da cidade. Também foi trabalhador petroquímico até os anos 90, quando passou a se dedicar aos eventos culturais e à causa negra. Faleceu por covid aos 67 anos, em 11 de janeiro de 2021.
19. Marcelino Collío, ativista indígena mapuche
Integrante da organização mapuche We Kuyen, Marcelino Collío Calcomín, também participava como representante de sua entidade na Plataforma Política Mapuche e no Conselho Ecológico da Região Metropolitana de Santiago. Nos últimos anos, também se dedicou a buscar justiça pela estranha morte de sua nora, a ativista ambiental Macarena Valdés, que a polícia local qualificou como um caso de suicídio, mas que a família assegura que foi um assassinato possivelmente encomendado por uma empresa energética austríaca RP Global, que realizava um projeto de uma hidrelétrica junto com a empresa chilena Seasa, que era resistido pelos ambientalistas locais. Marcelino faleceu aos 63 anos, em 4 de fevereiro de 2021, e sem ver o encerramento do caso de sua nora.
20. Marcelo Biar, ativista pelos direitos humanos
Historiador, escritor e militante pelos direitos humanos, Marcelo Biar foi fundador e presidente do Instituto por Direitos e Igualdade, além de um dirigente destacado do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) do Rio de Janeiro. Após a sua morte, um grupo de deputados bolsonaristas o atacou difundindo mentiras sobre falsas declarações atribuídas a ele a respeito da saúde do presidente Jair Bolsonaro. Faleceu por covid aos 55 anos, em 25 de julho de 2020.
21. Marcos Braga, ativista socioambiental
Militante das causas ambientais, indígenas e também do movimento LGBTQI+ no Estado de Roraima, Marcos Braga foi um dos fundadores do partido Rede Sustentabilidade. Em 2018, trabalhou como chefe da campanha que elegeu a deputada federal Joênia Wapichana. Foi professor da UFRR (Universidade Federal de Roraima) e diretor do Instituto Inskiran. Faleceu por covid aos 51 anos, em 11 de fevereiro de 2021.
22. Mariana Zucarello, ativista Direitos Humanos
Foi integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos do Espírito Santo, além de militar em diversas causas de direitos civis como advogada ligada à OAB-ES. Organizava eventos em favor de causas sociais na cidade capixaba de Serra, através do Centro de Defesa dos Direitos Humanos do município. Faleceu por covid com apenas 31 anos, em 10 de abril de 2021.
23. Maria Elena Sifuentes, ativista direito à moradia Chicago
Ela foi uma das principais lutadoras sociais pelo direito à moradia popular em Chicago, atuando especialmente na região do North Side da cidade estadunidense, onde realizou protestos e apresentou projetos que desafiaram os interesses da especulação imobiliária. Também trabalhou com programas de educação para as comunidades de migrantes na cidade. Membros da comunidade latina lamentaram a casualidade de que ela teve seu positivo detectado dias antes da data programada para receber a segunda dose da vacina. Faleceu por covid aos 57 anos, em 18 de junho de 2021.
24. Maria Auxiliadora da Luz, ativista quilombola
Matriarca da Comunidade Quilombola dos Arturos, em Contagem (MG), Dona Dodora, como era carinhosamente conhecida, também era a principal líder espiritual da comunidade. Faleceu por covid aos 84 anos, em 12 de maio de 2021, cinco dias depois da morte do seu esposo, Mário Brás da Luz, que também foi vítima da doença – se supõe que ambos se contagiaram no mesmo evento, no final de abril.
25. Mário Brás da Luz, ativista quilombola
Representante da Comunidade Quilombola dos Arturos, em Contagem (MG), Seu Mário era o último filho vivo de Artur Camilo Silvério – patriarca da comunidade e inspiração para o nome da mesma. Também era o benzedor oficial da comunidade. Faleceu por covid aos 88 anos, em 7 de maio de 2021, cinco dias antes da matriarca Maria Auxiliadora da Luz – se supõe que ambos se contagiaram em um mesmo evento, no final de abril.
26. Martha Sánchez Néstor, ativista indígena e feminista
Ativista indígena e também ligada ao movimento feminista mexicano, Martha Sánchez Néstor foi uma figura destacada na cena política em seu país nos últimos 30 anos, por sua luta por direitos e igualdade das mulheres indígenas. Formou parte do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas do México, e chegou a ocupar a Secretaria de Assuntos Indígenas do Estado de Guerrero, no sudoeste mexicano.
Em 2017, a revista Forbes chegou a listá-la entre as mulheres mais influentes da América Latina. Em 2019, ela foi candidata a deputada pelo PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores). Faleceu por covid aos 47 anos, em 30 de julho de 2021.
27. Michele Sandri da Costa, ativista do movimento feminista
Foi uma das principais defensoras da causa feminista no Rio Grande do Sul, chegando a ser Secretária Municipal de Mulheres do PT de Porto Alegre. A ironia trágica do seu caso é que ela faleceu por covid aos 44 anos, no dia 8 de março de 2021, em pleno Dia Internacional da Mulher.
28. Paulinho Payakã, líder histórico kayapó
Bep’kororoti Payakã era o nome original deste histórico líder da comunidade Kayapó, que foi um nome famoso no Brasil e no mundo nos anos 80 e 90, por sua luta pelos direitos das comunidades indígenas, que resultaram na inclusão de alguns desses direitos na Constituição Federal de 1988. Na última década, voltou a se destacar no noticiário brasileiro por liderar a oposição ao projeto da Hidrelétrica de Belo Monte. Faleceu por covid aos 68 anos, em 17 de junho de 2020.
29. Ramona Medina, dirigente social
Foi uma das principais líderes comunitárias da Villa 31, uma das maiores favelas da Grande Buenos Aires. Atuava especialmente na área da saúde, defendendo melhores condições sanitárias na favela, razão pela qual sua morte logo nos primeiros meses da pandemia foi tão lamentada em sua comunidade. Liderava as ações da Casa das Mulheres e das Dissidências da Assembleia La Poderosa, que coordenava grupos de várias favelas da capital argentina. Faleceu por covid aos 42 anos, em 17 de maio de 2020.
30. Thina Rodrigues, ativista trans
Uma das mais conhecidas figuras do movimento LGBTQI+ do Ceará, foi fundadora e presidenta da Atrac (Associação de Travestis e Mulheres Transexuais do Ceará) e também atuava na Coordenadoria de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza. Faleceu por covid aos 57 anos, em 29 de junho de 2020.
31. Tom Moore, filantropo e veterano da II Guerra Mundial
Era uma das figuras mais respeitadas no Reino Unido, por ser o mais longevo dos militares sobreviventes da II Guerra Mundial. Sir Tom Moore, ou Capitão Tom, como era conhecido, recebeu todas as honrarias possíveis da Coroa Britânica. Também atuava como filantropo, fazendo doações para diferentes causas humanitárias. Sua última ação, inclusive, foi uma doação de 33 milhões de libras ao serviço público de saúde do Reino Unido, para ajudar nos esforços de combate à pandemia. Faleceu aos 100 anos, em 2 de fevereiro de 2021.
32. Vakha Agayev, deputado russo e militante comunista
Deputado pelo Partido Comunista da Rússia, Agayev foi um importante membro da organização, na qual militou desde os anos 80, ainda na época da antiga União Soviética. Chegou a ser vice-presidente do Comitê de Assuntos de Propriedade do Partido Comunista, e foi coautor de 42 projetos de lei que tramitam na Duma – equivalente à Câmara dos Deputados na Rússia. Faleceu por covid aos 67 anos, em 23 de setembro de 2020.
33. Valéria Rodrigues, ativista LGBTQI+
Presidenta do Instituto NICE, importante entidade que trabalha na reinserção social e profissional de pessoas LGBTQI+, em sua maioria pessoas trans, Valéria Rodrigues também foi atuante como membro da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e foi candidata à vereadora pelo PCdoB em 2016. Faleceu por covid aos 41 anos, em 13 de março de 2021.
34. Wallace Pereira, líder sindicalista
Foi presidente do SINTTEL (Sindicato das e dos Trabalhadores de Empresas de Telecomunicação do Estado da Paraíba) e também ligado à CUT em seu estado. Era irmão do escritor e professor da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) Wellington Pereira. Faleceu por covid aos 56 anos, em 14 de março de 2021.
35. Wanderley Gomes, líder comunitário e ativista do movimento negro
Dirigente da Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores) e da Unegro (União dos Negros pela Igualdada Racial), Wanderley Gomes também era um importante militante do PCdoB do Amapá, embora também tenha tido destacada atuação política no Estado de São Paulo, sendo eleito duas vezes como presidente da Facesp (Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo), nos anos 90. Faleceu por covid aos 59 anos, em 4 de junho de 2021.
Uma polêmica: John Magufuli, presidente da Tanzânia
O caso de John Magufuli é pitoresco, mas não entra na lista porque não há certezas de que sua morte foi provocada por covid. Assim como Jair Bolsonaro no Brasil, Magufuli se destacou na Tanzânia por seu discurso que primeiro negou a existência da pandemia, e depois questionou a gravidade da doença.
Na segunda semana de março, porém, o mandatário de 61 anos simplesmente desapareceu. Deixou de participar de eventos públicos, o que levantou uma série de suspeitas, que se tornaram ainda mais fortes em 18 de março, quando foi anunciada a sua morte.
Oficialmente, o governo afirmou que o falecimento ocorreu por um problema cardíaco. No entanto, alguns líderes da oposição asseguram que o palácio presidencial oculta a causa real da morte, que teria sido covid-19.