A Organização Mundial da Saúde (OMS) acusou, indiretamente, Elon Musk de espalhar “fake news”, após um tuíte publicado pelo bilionário nesta quinta-feira (23/03). Ele pediu para os países “não cederem sua autoridade” ante ao projeto de acordo internacional de combate a pandemias.
A polêmica começou no início do dia, quando Elon Musk respondeu a um tuíte dizendo: “Os países não devem ceder sua autoridade à OMS”. Ele se referia às discussões em andamento na agência da Organicação das Nações Unidas (ONU) para estabelecer um acordo para ajudar na prevenção e combate às pandemias.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, primeiro respondeu a ele no Twitter: “Os países não cedem sua soberania à OMS”. “O acordo pandêmico não vai mudar isso. O acordo ajudará os países a se protegerem melhor contra pandemias. Isso nos ajudará a proteger melhor as pessoas, quer vivam em países ricos ou pobres”, afirmou.
Pouco depois, Ghebreyesus voltou ao assunto no início de sua coletiva de imprensa semanal sobre questões globais de saúde, mencionando a “desinformação” sobre o acordo que circulava nas redes sociais. “A alegação de que o acordo cederá poder à OMS é simplesmente falsa. Isso é ‘fake news’”, continuou ele.
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Polêmica começou quando Musk respondeu a um tuíte dizendo que ‘os países não devem ceder sua autoridade à OMS’
O diretor-geral assegurou que “são os países que vão decidir o que diz o acordo, e só eles”, e que “irão implementar o decidido segundo suas próprias leis”. Ghebreyesus acrescentou que “se algum político, empresário ou qualquer outra pessoa estiver confuso sobre o que é e o que não é o acordo pandêmico, ficaremos mais do que felizes em discutir e explicar” o assunto.
Negociações sobre acordo
No início de março, Ghebreyesus disse a repórteres que os estados membros da OMS logo iniciariam negociações sobre o rascunho do acordo, inclusive abordando questões de compartilhamento de informações e acesso desigual a vacinas, observadas entre países ricos e países em desenvolvimento na pandemia da Covid. O acordo também fortaleceria as capacidades nacionais, regionais e globais de preparação, detecção, alerta e resposta a pandemias.
Ele disse esperar que as negociações possam ser concluídas até maio de 2024 e pediu aos países “que aprendam as lições desta pandemia” para não repetir os mesmos erros.
O projeto de acordo nasceu na sequência do fracasso da comunidade internacional em lidar com a pandemia de Covid-19 – tanto os Estados, quanto a OMS, que foi acusada de ter agido tarde demais e de forma pouco solidária.