O oeste do Japão sofreu nesta quarta-feira (03/01) uma réplica de magnitude 5.5 depois de, na segunda-feira (01/01), um sismo de 7.6 deixar ao menos 64 mortos na região, segundo o balanço mais recente.
O novo tremor ocorreu a uma profundidade de 10 quilômetros, com epicentro também na remota península de Noto, na província de Ishikawa, a 300 quilômetros a noroeste de Tóquio.
Desta vez, a Agência Meteorológica do Japão (JMA) não emitiu um alerta de tsunami.
Entre os 64 mortos pelo terremoto estão 19 vítimas na cidade de Wajima, 20 em Suzu, cinco em Nanao, duas em Anamizu, uma em Hakui e uma em Shiga, todas na província de Ishikawa, que sofreu danos estruturais significativos e incêndios.
Além dos 64 mortos já confirmados, um funcionário da prefeitura de Ishikawa, que não se quis identificar, falou à agência de notícias AFP que mais de 300 pessoas ficaram feridas, 20 das quais com gravidade.
Resgates continuam
Os esforços para resgatar pessoas que possam estar presas sob os escombros de edifícios desabados continuam nesta quarta-feira, segundo autoridades japonesas.
As equipes de resgate lutam para chegar a áreas isoladas afetadas pelo terremoto no dia de Ano Novo e por dezenas de fortes tremores secundários.
O primeiro-ministro Fumio Kishida disse que ele próprio será o responsável pela gestão do desastre. “Serei o diretor-geral, mobilizarei as Forças de Autodefesa, a Guarda Costeira japonesa, os bombeiros e a polícia”, afirmou.
Ele disse que está sendo extremamente difícil o acesso de veículos às áreas do norte da península de Noto devido aos danos generalizados e aos incêndios violentos e que o governo já enviou suprimentos por navio.
O terremoto e suas dezenas de réplicas interromperam vários serviços ferroviários e voos para a área, fechando o aeroporto de Noto devido a danos na pista e nas estradas de acesso.
O líder do Executivo japonês também pediu aos moradores das zonas afetadas “que atuem com segurança”, uma vez que “o risco de desmoronamentos de casas e deslizamentos de terras está aumentando nos pontos onde os tremores foram fortes”.
Batalha contra o tempo
As autoridades japonesas enviaram 3 mil militares, bombeiros e policiais para ajudar nas operações de resgate.
As equipes de busca vasculham os escombros, uma tarefa tornada ainda mais urgente pelas previsões de fortes chuvas, que poderiam provocar mais deslizamentos de terra e colapsos.
As previsões meteorológicas são de fortes chuvas em Ishikawa. Além disso, espera-se que as temperaturas caiam para cerca de 4 graus Celsius durante a noite.
As primeiras 72 horas são especialmente críticas para os resgates, dizem os especialistas, porque as perspectivas de sobrevivência diminuem muito depois disso.
Twitter/Tarciso Morais
Oeste do Japão sofreu uma réplica de magnitude 5.5 nesta quarta-feira (03/01); equipes ainda tentam socorrer vítimas sob escombros
“Mais de 40 horas se passaram. Esta é uma corrida contra o tempo e sinto que estamos num momento crítico”, disse Kishida durante uma reunião de emergência nesta terça-feira. “Recebemos relatos de que muitas pessoas ainda aguardam resgate sob edifícios desabados.”
Suzu, uma cidade costeira próxima ao epicentro do terremoto, viu até mil casas destruídas, disse seu prefeito, Masuhiro Izumiya. “A situação é catastrófica”, acrescentou.
A cidade de Wajima, de 27 mil habitantes, a cerca de 500 quilômetros de Tóquio e situada muito perto do epicentro do sismo, foi uma das mais atingidas, com o desabamento de cerca de 25 edifícios, muitos deles habitações particulares.
Os bombeiros, que seguem realizando operações de resgate, acreditam que pessoas ainda possam estar presas sob os restos de 14 desses edifícios.
Mais de 57 mil pessoas tiveram de deixar suas casas nas províncias de Ishikawa, Toyama e outras áreas próximas, enquanto os serviços aéreos e ferroviários locais permanecem suspensos.
Já o número de casas sem eletricidade, principalmente em Ishikawa, está atualmente estimado em dezenas de milhares.
Danos em central nuclear
Felizmente, as subidas do nível do mar detectadas em diferentes localidades japonesas, e até mesmo na vizinha Coreia do Sul, não causaram danos significativos.
A central nuclear de Shika, no centro do Japão, registrou uma subida do nível do mar após o terremoto de segunda-feira e detectou danos num muro que protege um reator de tsunamis, informou a emissora japonesa NHK.
De acordo com a NHK, apesar de o operador da central, Hokuriku Electric Power, ter anunciado no início da terça-feira que não havia detectado grandes flutuações no nível da água, um controle efetuado ao fim da tarde revelou uma subida de 3 metros cerca de uma hora e meia após o terremoto de magnitude 7.6, que teve o epicentro na península de Noto – a cerca de 80 quilômetros do local onde se situa a central – e que levou à ativação de um alerta de tsunami durante 18 horas.
Durante a última revisão, a empresa descobriu também que um muro de 4 metros de altura, instalado em 2011 para proteger um dos dois reatores da central, fechada há quase 13 anos, estava inclinado vários centímetros.
Em 2011, um terremoto de magnitude 9.1 ao largo da costa leste do Japão provocou um tsunami que causou a morte de mais de 20 mil pessoas e a fusão parcial de três reatores da central nuclear de Fukushima Daichi, naquele que foi o pior acidente nuclear desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
O impacto da catástrofe foi tal que, desde 2011, apenas uma dúzia dos mais de 30 reatores nucleares japoneses foi reativada.