O governo canadense anunciou nesta quarta-feira (20/03) que planeja implementar uma medida para interromper o envio de armas a Israel.
A ideia do governo de Justin Trudeau é implementar uma resolução não vinculativa aprovada pela Câmara dos Comuns, o Parlamento do país, pedindo o fim de “mais autorizações e transferências de armas” para Israel.
Além disso, a medida visa garantir o cumprimento do regime de exportação de armas do Canadá e aumentar os esforços para impedir o comércio ilícito, inclusive para o Hamas.
O fim da colaboração foi anunciado pela ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joy, durante entrevista ao jornal Toronto Star.
Para o senador norte-americano Bernie Sandes o Parlamento Canadense “votou pelo fim da venda de armas a Israel” e “tem toda a razão em fazer isso”. “Dada a catástrofe humanitária em Gaza, os Estados Unidos não deveriam fornecer nem um dinheiro à máquina de guerra de Netanyahu”, concluiu o democrata.
A decisão, por outro lado, foi criticada pelo chanceler de Israel, Israel Katz, em seu perfil no X (antigo Twitter). “É lamentável que o governo canadense esteja tomando uma medida que mina o direito de Israel à autodefesa contra os terroristas do Hamas”, escreveu ele.
De acordo com Katz, “a história julgará duramente a ação atual do Canadá”, enquanto que “Israel continuará a lutar até que o Hamas seja destruído e todos os reféns sejam levados para casa”.
Retoricamente, Justin Trudeau chegou a apoiar o “direito de se defender” de Israel.
Cooperação militar Canadá-Israel
Nos últimos anos, o Canadá exportou anualmente pouco mais de 20 milhões de dólares em armas para Israel. Apesar disso, o governo canadense é signatário do Tratado de Comércio de Armas da ONU, que visa restringir o fluxo de armas para zonas de conflito e impedir a sua utilização por violadores dos direitos humanos.
O firme defensor de Israel
Em 2020, Ottawa instou o TPI a suspender a investigação sobre os crimes de guerra israelenses, afirmando que não reconhecia a jurisdição do Tribunal sobre a Palestina. A carta sugeria que o Canadá poderia retirar o seu financiamento se o órgão prosseguisse uma investigação dos casos.
Além disso, o governo Trudeau entrou com uma ação anos atrás para barrar a rotulagem correta de vinhos de assentamentos ilegais na Palestina. Entretanto, expandiu o acordo de comércio livre Canadá-Israel, proporcionando o estatuto de isenção de impostos aos produtos produzidos em colonatos ilegais na Cisjordânia.
Desde que tomou posse em 2015, o governo Trudeau votou consistentemente contra quase uma centena de resoluções da ONU que, em muitos casos, dizia respeito a defesa dos direitos palestinos.
(*) Com Ansa.